25 de mar. de 2014

ABAIXO OS CONTOS DE FADAS


Às vezes me sinto completa e totalmente despreparada para o amor.
Esse amor que nos ensinam desde crianças. 
Esse amor que não une e ainda separa as pessoas. Esse amor que gruda feito barro no sapato.
Esse amor de carência que faz de nós espelho do outro, telhado e vidraça onde perdemos nossa individualidade e espaço de viver a mais intensa criatividade.

Eu sempre tive dificuldade de viver esse amor proclamado, aclamado, institucional, povoado de bruxas, dragões, madrastas, venenos, bordões. Não porque fuja das lutas, mas dentro de mim, meu coração sempre aspirou por aquele amor que começa onde as histórias acabam, exatamente ali, no viveram felizes para sempre, essa frase de encerramento onde penso, verdadeiramente o amor começa: no imponderável, na gestão do nosso castelo...

Quando a gente cresce e descobre que todos os príncipes já se casaram, todos os sapatos de cristal estão calçados, entendemos que tanto faz as bruxas estarem diluídas em fumaça ou não. Os dragões são outros e permanece o espectro da inveja madrasta pairando sobre os casais felizes. E nada disso trabalha contra a felicidade.

Quando o mundo encantado se torna perfeito, temores e terrores outros surgem, funcionam como abismo, daqueles que seduzem quem olha pra ele.

Pra viver um amor verdadeiro e feliz, há que se olhar nos olhos do amado e ter espaço para um bocejo, alongar-se espreguiçando-se.
Para se viver um grande e feliz amor há que se ter espaço e a individualidade dos que sabem o que nos faz bem.

Eu não busco o amor, encontro-o dentro de mim e sei que ele vai desabrochar quando eu não tiver que ser totalmente responsável pelo que cativei, mas quando num jardim repleto de rosas iguais, perceber que apenas uma é diferente. E que essa rosa não me venha com questões para adubar seu caule e sedimentar sua raiz. Se ela vier com vida própria, cantando feliz na companhia de seus anões e flores do jardim, pra mim, muito melhor!  Não dá pra ser feliz se jogamos nossa história de lado, a fim de começar um eternamente novo amor. Eu fujo desses amores de correntes e tradições que chegam na minha vida cheios de referências. Eu simplesmente não consigo acreditar em amores amarrados, com papéis definidos, que exigem provas, cobertos de obrigações.

Que a minha cinderela saiba que em todo reino ela é a mais bela, dentre milhares de princesas saberei sempre quem é ela. Que ela entenda que na batucada faz bem pra vista olhar a passista, mas depois da roda, na lida da vida o importante é a marmita...

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