19 de fev. de 2015

A NOVA PORTELA

Eu vi portelenses comemorando não a vitória, mas o desfile em si, o que tornou ainda mais dolorido esse resultado. Ninguém vai morrer por causa dele, principalmente o portelense que já viu muitas coisas na avenida desde os tempos de desfilar e correr da polícia.
Há que se fazer uma reflexão muito profunda, é hora dos segmentos refletirem bastante sobre a parte técnica do desempenho, a quantidade de harmonia utilizada, essas coisas chatas que ganham desfile, Potque é fato que quem constrói uma Águia Redentora como aquela, não se pode permitir o lapso de não acender leds...
Acho que a Portela recebeu notas injustas - 9.8 em bateria por exemplo. Acho que o não campeonato não foi injusto, por consequência, quinto lugar não foi justo.
A escola mudou e mudou mantendo suas raizes, que é o que a gente ama na Portela. O componente veio com garra, alegria, orgulhoso por bem fantasiado que estava, pelo enredo falando de si, da sua cidade e do seu bairro - ninguém faz isso melhor que o portelense. A cabeça do povo da Portela está erguida, como esteve durante o pré-carnaval onde insultos, gracejos, calúnias, infâmias a ela foram atribuídos.
Opino que ver uma multidão de suburbanos, por anos perdidos no umbral do descaso, receber uma liderança, respirar e trabalhar pelo seu resgate, incomodou muita gente. A história da Portela mistura-se com a história do samba, não só como música mas como cultura, tem que respeitar, tomar a bênção e isso deve ser complicado para quem vê o samba apenas como forma de ganhar dinheiro e beijar a mão do poder para, contraditoriamente, sentir-se poderoso. Para algumas escolas só a vitória - a qualquer preço, com qualquer dinheiro, vindo de qualquer lugar, importa. Na Portela, só a Portela importa.
Eu penso que deva ser muito difícil para o brasileiro que não gosta de si, da sua cara de negro, sua ausência de raça, sua pele multicor aturar sub-urbanos orgulhosos do seu modo de vida. Paciência. Paciência é o que devemos ter e teremos, paciência, resignação com o que passou, porque já passou e, tirar daí todas as referências e lições pra seguir evoluindo como a escola vem fazendo sem tirar a alegria do povo.
Porque o carnaval é a alegria expropriada do pobre... Não pode falar de carnaval a pessoa que se diverte o ano inteiro e pode escolher para onde vai. O carnaval é a nossa terapia, a nossa diversão, jamais deveria ter virado investimento, coisa que me parece tal qual o ouro que entregamos em troca de espelhos.
O importante é acreditar nas raízes, história e tino da diretoria portelense que, imagino, jamais permitirá que a escola se curve a circos, teatros e outras modalidades artísticas que mesclada aos desfiles minimizam o samba propriamente dito. Aquestão é de ajuste de um processo que já está rodando. É hora do PDCA!
Assim, precisaremos descatar todo esse zum-zum erguer a cabeça que nunca abaixamos e depois das campeãs arrumar a casa porque ano que vem tem festa de novo e, ela começa já!

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