24 de jan. de 2022

JOGO É JOGO, SONHO É SONHO E TEM O MEDO | Crônica de Domingo

 

Talvez haja na maioria do seres humanos um inevitável apego à maldade, pelo menos naqueles que não são maioria mas se iludem que são donos do mundo. Aqueles que curtem o fast, o superficial, o que já vem pronto pra consumir, no máximo uma esquentadinha no microondas porque calor não é a vibe desse povo.

São umas gentes que se aproveitam de qualquer detalhe para eliminar outras gentes da categoria de gente. O mais perigoso e cruel negacionismo é esse que tira do outro o direito de ser uma pessoa e isso é explorado pra virar dinheiro, porque onde não há respeito humano, só existe valoração do poder e muitas vezes dinheiro não representa necessariamente poder, então é preciso desumanizar, desqualificar aqueles que têm algum tipo de poder ( carisma, influência, competência). Muitas vezes o que se chama entretenimento nada mais é do que uma repaginada de guerras e competições como as do circo de Roma; o humor derivado do constrangimento de terceiros.

Essa suposta superioridade que o mundo estimula tantos para que tenham pode dar errado, quando realmente se acredita nela, eu penso ser o caso da Naraia e pasmem, penso que ela nem tenha culpa. Nesse meio descerebrado que é essa nova música neo sertaneja que o mercado tenta transformar a qualquer custo em identidade nacional, Naiara que vem do interior, de uma cidade minúscula, segundo ela mesma diz, chega na casa com o grito ou melhor, berro: AVISA QUE EU CHEGUEI, P0RR4AAAAAA!!!
Muito vento e nenhum furacão.

Ela não mostrou as tintas carismáticas que normalmente o palco tinge seus ocupantes. Ela investiu numa linguagem afetivae culinária de mãezona ou vovozona, conforme ela disse, uma tentativa de descontruir a imagem pesada/agressiva que pudessem ter dela - eu particularmente não teria como parça no jogo uma mulher que nas brigas com os machos traidores agride as mulheres que a rigor não têm nada a ver com ela, por exemplo:

"E pra ajudar pagar a dama que lhe satisfaz
Toma aqui um 50 reais"

"Sei da sua fama, meu bem eu não sou boba
Você é uma quenga, sem vergonha, rapariga"

Mas jogo é jogo e Naiara não foi recebida como esperava, não "causou" como imaginava, sequer achava que a casa já ia votar nela pra sair logo na primeira semana. Imagina o calafrio que ela deve ter tido de imaginar a rejeição do publico. E, seja por não se sentir capaz de arcar com essa rejeição ou por estar ciente que isso poderia ser um tiro pela culatra de quem foi a um programa pra ampliar a visibilidade, mete a história de "votem em mim pra sair que não consigo ficar". Como se diz aqui na minha terra: mó caô! Não confundir com mó calor que também tá rolando.

Se ela quisesse sair mesmo, tem um botão bem grande no meio da sala. Se ela quisesse vencer tentaria outras coisas além de abraçar e cozinhar, mas quem sabe ela não nutre a esperança de Jânio Quadros? Tudo bem que ele se ferrou, como todos que que ameaçam sair só pra ouvir o coro de fica, ainda assim a coisa existe e acontece. Talvez ela tenha a expectativa de se sentir querida e aí tentar de novo. Se isso acontecer espero que seja fazendo jus às canções que canta coo tiazona bem má.
Não que eu tenha esse lado perverso de curtir fogo no parquinho, mas eu ficaria tão enjoada de pensar que alguém tem um repertório tão variado de máscaras...

PS.:
Acreditam que a ideia desse post era falar do Abrava com o seu mundo Ursinho Carinhoso? Afffff, acho que perversidade pega.

#bbb22 #ESCREVENDOPRAPENSAR #antesqueamudançachegue

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