5 de mai. de 2022

UM OLHAR SUBURBANO SOBRE FILOSOFIA MEMÓRIA ESCRITA E ORALIDADES


 Essa é a nossa próxima aula da Universidade das Quebradas UFRJ Preciso contar pra vocês algumas coisas.


Tem aquela frase que o caminho (viagem) é mais importante do que o destino (chegada). Faz sentido se pensarmos que os lugares onde chegamos não é o lugar onde ficaremos.

Faz falta na nossa vida em sociedade ter em mente o estamos mais do que o somos. A única coisa que somos de verdade, na vida, é transitórios. Estamos fetos, estamos bebês, logo ficaremos crianças, adolescentes, quando menos se espera estamos adultos e num piscar de olhos, olha nós aí, idosos. Idosos que chamamos velhos, velhos como chamamos tudo aquilo que já deu, e de repente, não estamos mais nada. Seremos lembranças queridas ou não, mas lembranças. E estaremos eternos enquanto lembrarem de nós.

A preparação da divulgação dessas aulas passa por muitas mãos. Desde quando é feita a indicação do nome do palestrante até o momento em que ele chega à sala 2.2 do Museu de Arte do Rio A parte que me cabe nesse processo é criar o designe gráfico e as peças que vão para a internet e auxiliar no que as colegas de trabalho precisarem se precisarem. Então, a Thainá Menezes de Melo que é a social mídia, teve a ideia de postar um carrossel na véspera. Carrossel é aquele conjunto de imagens para instagram que tem um fluxo, como se fosse uma única imagem comprida, e na verdade, é só que cortada de um jeito que lhe dê fluidez Nesse carrossel, ela pede para que se coloque informações sobre o tema da palestra.

O palestrante quase sempre manda um resumo, mas dessa vez, eu fiquei apatetada. Porque nesse resumo eram citados termos que eu não fazia ideia do que eram, por exemplo:

“Considerando 'clássico' em Calvino”. Ponto.
O único Calvino que eu conhecia era aquele líder da reforma protestante e, óbvio, não simpatizo com ele.

Seguia, o resumo: "será utilizado um ‘clássico’ da literatura e da filosofia, o diálogo Fedro de Platão". Ponto.

Oras, de Platão eu só sabia o que todo mundo sabe, que era discípulo de Sócrates, e inventor do amor platônico rs.

Ah, também sabia que Platão foi o cara que registrou por escrito os ensinamentos do seu mestre que, como Jesus Cristo, nunca escreveu uma linha sequer.

Eu amo Sócrates! Desde quando ele jogava no Coríntias... Palhaçada! Eu amo Sócrates, o filósofo, porque me identifico com ele. Vivia de boas pelas ruas da Grécia conversando com as pessoas, ensinando assim, como quem não quer nada. Só perguntando pra fazer as pessoas se ligarem, pensarem e perceberem se estavam certas ou erradas ou o que nem faziam ideia.

Sócrates era filho de um artesão com uma costureira(?). Era pobre. Estudou o que podiam estudar os pobres daquela época. Aprendeu o ofício do pai com o qual se sustentou por um tempo, depois virou uma espécie de arte educador, sabe? Professor que ganha mal pacas.
(Parênteses
A mulher dele subia nas tamancas, enchendo o saco do coitado, que segundo dizem que ela dizia, não sustentava a própria familia).

Até porque ensinava pelas ruas para quem PRECISA. Ora vejam que os gregos, pais da civilidade e civilização não eram muito diferente... Bom deixa isso pra lá.

O fato é que Sócrates foi condenado por sedução da juventude e por não estar de acordo com as falácias governamentais impostas na vida dos gregos. Muita gente não curtiu a acusação, ele era um cara muito querido, honesto e cheio das virtudes que ele tanto apregoava. Vivia conforme o que falava. Por isso ele teve a opção de ser degredado e nunca mais "lecionar", nunca mais disseminar seus pensamentos. E olha que o cara só sabia que nada sabia, hein! Sócrates preferiu a pena de morte. Com dignidade tomou seu veneno, porque ele já tinha intuído que a hora dele tinha chegado. Conto isso porque esses são os meus conhecimentos sobre a temática.

E daí? E daí que Sócrates falava dessa questão da oralidade e escrita. A oralidade ainda não era uma coisa minimizada como tentam fazer hoje, quando a gente mal se fala, e ele acreditava que era a melhor forma de transmitir os saberes, porque é democrático, num lugar onde só cidadão de bem podia aprender a ler e escrever. O cara era um sábio!

Então, eu ciente do quanto sou ignorante no tema fui pesquisar tudo no Google. E me ocorreu que muitos talvez não saibam de Fedro, Platão, Sócrates, disputa hermenêutica e etc. e foi um resumo muito xexelento, porque não tem outro jeito, que eu coloquei em uns 3 ou quatro slides do carrossel da Thainá. E aí se fez a magia.

Um detalhe: Fedro, não é um cara com nome esquisito, é um clássico que resume a Filosofia de Platão, escrito em diálogos e, é aí que tem o babado do amor platônico...

Calvino é um italiano que nasceu em Cuba que diz que "Clássico é o livro que nunca diz tudo o que tem pra dizer", ou seja, a cada vez que se relê, não é releitura, é sempre uma leitura nova.

Na escola aprendi sobre a Grécia umas coisas muito furrecas sobre democracia e umas histórias da mitologia. Olha o quanto a gente poderia ser mais elucidado, se tivesse acesso aos conhecimentos que essa moça vai compartilhar com a gente no dia da aula. Com direito a discutir a disputa hermenêutica que vem dos gregos e arrebenta com a gente até hoje Daí, aprendi também que os nomes são complicados mas os significados estão na nossa vida o tempo inteiro.

Hoje é sábado, mas essa é a minha crônica de domingo., porque estou ocupada lendo Fedro.

Vocês poderão assistir ao vivo a palestra da Luisa Buarque, basta se cadastrar no Sympla, se ja tiver cadastro, é só ir no link: 

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