13 de mai. de 2014

HOMENAGEM AO PRETOS VELHOS

 Às vezes me ponho a pensar o que era ser rei na África, ser belo, ser jovem por lá. E deixar sua terra, a família, o futuro, a vida à força,e vir pra cá , à força na marra pra ver a família sofrer, apanhar, ser humilhada e até morrer num mundo sem sentido, nos porões de navios negreiros fedidos, humilhados
Eu fico pensando no que era ser tratado pior do que bicho, por homens fedorentos, barbudos sem banho de rio, sem fé no orixá, achando que deus queria muita roupa pra esconder a falta de moral

Eu não entendo porque isso aconteceu. Eu não entendo porque isso acontece até hoje. Os homens brancos se perfumaram no corpo e não limparam suas almas.

Eu não entendo porque dar valor a cor da pele, achar feio o que pode ser bonito se por dentro todo mundo é igual.

Eu não sei porque todos nós não fomos feitos cegos pra não ter diferença nem indiferença.
Vó, eu não acredito em deus, deus de bondade não maltrataria desse jeito seus filhos nem deixaria que um irmão mais esperto fizesse maldade com nossos irmãos. Na minha cabeça pequena ou eu acredito em deus ou eu acredito que somos irmão. Eu sei que quando você fala pra mim Oxalá, fala de sabedoria, fala da natureza, fala de um deus que os brancos esqueceram. Não é esse deus que os ricos compraram, que os poderosos inventaram. Essa gente que não sabe porque não quer saber que a gente não vem do mesmo lugar mas vai partir daqui da mesma forma, levando apenas o que fez.

Me ajuda a levar o melhor que eu posso. Me ajuda a não esquecer quem eu sou e serei o que eu fizer e terei o que eu der.

Entende que eu acredito que deus mora dentro da gente e é por dentro que somos iguais. Na carne que acaba, no corpo que envelhece e na fragilidade que nos iguala muitos preferem o poder para imaginarem que são diferentes,

Que eu não perca a consciência de ser igual, nem preta nem branca, apenas gente.
Amém.

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