10 de out. de 2014

FIQUE DE OLHO


Capada Revista S! Outubro 2014
Quando vocês lerem isso aqui, terá passado o primeiro turno da eleição, mas haverá o segundo o que muitos consideram uma chateação. 
Pois bem, não é e não deveria ser afinal, eleição é algo que nunca passa.
Discordo do discurso que rola por aí feito moeda de 1 real que o povo é conivente com as desgraças que lhe aflige porque não sabe votar. Papo prepotente de riquinhos e burgueses que adoram a situação e ainda tripudiam, pois se não aprendemos a votar é porque ninguém ensinou, e se não foi ensinado é porque não interessava que o povo tivesse voz. Provavelmente essas pessoas puderam completar o terceiro grau e até fazer curso de línguas ou MBA o exterior. 
Pra completar, devem ser descendentes daquelas figuras que se beneficiaram da escravidão, desapropriaram e expulsaram moradores nas cercanias da Praça XV pro rei fugitivo de Napoleão poder morar com conforto.
Saberiam votar aqueles que votam em causa própria, participando de alguma forma de tantas maneiras criadas para que o imposto que todos pagamos jamais retornasse ao povo em forma de benfeitorias públicas?
Pois é. 

Todas as vezes que falavam da nossa democracia brasileira, eu ficava estressada, pois que democracia é essa onde o voto é obrigatório e não conseguimos enxergar um candidato em qualquer nível eletivo que nos representam?

Temos partidos onde estatutos e ideologias ficam no campo da teoria ou burocracia, quando a troco de aumentar suas possibilidades e horário de propaganda eleitoral se coligam a qualquer outro sem a menor afinidade.
Não dá para culpar o povo por fazer suas escolhas com critério baseado no indivíduo, ignorando partidos, bandeiras, bases ideológicas e afins.
No entanto, desde o descobrimento do Brasil, passando pela monarquia, temos aqui um longo processo composto de fases obscuras onde mulheres não podiam votar, pessoas de baixa renda também não. Votos conseguidos à base de pressões e violências de todos os tipos. Promessas mentirosas, trocas jamais cumpridas, camisetas, bonés, dentaduras, empregos, terras, casas, mentiras e mais mentiras em situações parecidas com as dos colonizadores que traziam espelhos para os índios em troca de suas riquezas. 
Motivos mais do que justos e relevantes para que aprendamos a valorizar as eleições e entendermos que elas não são apenas um período a cada 4 anos, porque o melhor delas é justamente quando os eleitos colocam-se ou deveriam colocar-se a trabalhar para nós.
Política não é algo que deva ser restrito aos que tem coragem de se expor e concorrer aos cargos assim como nós ao nos candidatarmos a um emprego.
Política é a prática do viver. 
Estamos fazendo política desde quando comentamos as ações daqueles que nos cercam, quando optamos por denunciar ou não qualquer tipo de situação, cobrar nossos direitos ainda que denunciando um serviço ruim numa rede social, quando escolhemos o colégio das nossas crianças concordamos ou discordamos do conteúdo das escolas.
Política é calar por temer problemas ou represália, também ter o hábito de cumprimentar porteiros, garçons, motoristas e trocadores de ônibus, sim isso faz parte da educação mas é também política, nem que seja a da boa vizinhança.
Portanto, permanecer no ciclo das próprias necessidades, pensando em votar naquele que poderia lhe dar uma vantagem, é participar de certo modo de toda a rede de corrupção que nos empobrece a cada dia.

Fique de olho nesses candidatos que criticam nepotismo e apresentam seus filhos no horário gratuito eleitoral.

Fique de olho, nos artistas e celebridades que decidem ser candidatos sem propostas ou propósito, lembre-se que votar num Tiririca além de não ser um protesto, não deixa de ser uma forma de tornar nulo um voto.


Linque, articule, ligue as datas das eleições ao restante dos dias das nossas vidas. 
Buscar saber o que fez o seu candidato depois de eleito, saber o que ele pensa sobre as categorias as quais nós pertencemos, que tipo de leis elaboraram, se comparecem ao local de trabalho, faz parte do aprendizado.

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