21 de nov. de 2014

DROPS CARIOCA


Eu li no jornal: “O Rio deve bater em breve o recorde de paradas gays do Brasil.”  Dia 16 a mais conhecida , a Prada Gay de Copa e segue a informação com as Paradas de  Madureira, Rocinha, Alemão e Maré, Bangu e Rio das Pedras, encerrando o ciclo no  dia 07 de dezembro de 2014, com a primeira Parada Gay do Recreio.  E essa nota fez-me  pensar que seria uma boa ter  um paradódromo, com hinos bacanas, selecionados por cada equipe que trouxessem letras de esclarecimentos, reivindicações,  conteúdos históricos, pois personagens, personalidades, temas  não faltam. Colocando a galera pra pensar e unindo os que fazem o evento numa competição saudável. Não sei o que diria Caetano, mas eu acho que seria tudo muito lindo!

E  não é que a primeira presidente  do Brasil foi reeleita? Com resultado apertado e,  no sufoco, as máscaras do não preconceito caíram, ou melhor, foram atiradas sem pudor,  num vendaval de uma  carnificina ideológica que expôs  o quanto é dolorido, para alguns o  processo  de aceitação da igualdade.  Os brados das exortações  contra supostos inimigos comunistas nas ameaças de  abandono da pátria dos que vociferaram mas não se foram (e por que não teriam ido?).
 Há muito rescaldo dessas eleições para comentar e o espaço não me permite tanto,
comento então, apenas sobre a falta de amor próprio de uma nação mestiça que não se aceita e não sai do armário, apenas atira pedras (ou seriam cabides) vociferando em terceira pessoa a falta de qualidade que atribuem àquela parcela de povo que na ausência de grana para gerar lucro investindo em grana, investe com o seu braço, seu suor, criticada por gostar de futebol e tomar uma cachacinha nas horas de folga como se isso   atrapalhasse em alguma coisa...  Ressalta-se na cena, uma garotada que sente falta do que não viveu e, talvez, por isso esteja ensaiando o coro para chamar de volta as trevas militares.  Pessoas que  se  não exaltam o  orgulho de ser brasileiro, fazem questão de destacar o orgulho de ter dinheiro e poder ir para Miami ou Orlando fazendo biquinho, batendo o pezinho, como crianças que ameaçam fugir de casa quando não ganham o direito de brincar com aquele brinquedinho que a mamãe guardou em cima do armário. Ah, por que não foram? Que pena!

Eu entendo que o PT  adubou seu crescimento com  atos de oposição,  discursos  contra a corrupção e a favor  da ética,  não soube diante de uma atônita população, honrar e, assim sendo  não teria o direito de aprimorar esquemas e elevar as cifras dos desvios do dinheiro público, mas não lembro de membros de governos anteriores irem para a cadeia por crimes de corrupção, o que me deixa sem entender porque exatamente essa parcela de povo tanto grita tanto essas coisas e esquece corrupções sem punições  de outrora. Mas... Como falar de memória para um público que ignora na história o  capítulo  que a ditadura militar escreveu por mais de 20 anos, milhares de morte e milhões de absurdos?

  Também não entendo o chororô pela falta de qualidade dos candidatos para se votar aqui no Rio de Janeiro no 2º turno,  quando havia opção, mas preferiu-se mantiveram os mais dos mesmos elevados pela mídia.

E foi assim que diante de uma população que precisa criminalizar a homofobia,  necessita dar voz às mulheres que não tem direito sequer sobre seus próprios corpos, diante de um noticiário que evidenciou o enriquecimento da nojenta  máfia do aborto que oculta e mutila cadáveres, da propinas milionárias dos militares da milícia, precisa substanciar a
educação,  assistimos à votação mais que expressiva do expoente do atraso e a eleição do seu herdeiro, que nada tem em seu discurso que não violência e ódio. 

 Não acredito que esses fatos mostrem que somos uma nação contraditória Acho que não somos articulados o suficiente, sabemos as palavras e não formamos frases que façam sentido. O ranço da cultura dos coronéis  ainda nos contamina, a política paternalista ainda nos impede de crescer tanto quanto o populismo  e como irmãos de família numerosa, brigamos, nos ofendemos e estapeamos enquanto passamos pelos mesmos maus tratos. A diferença é que uns vão pro samba, pro Maraca, pra birosca e outros vão pra Europa.

Nunca mais seremos os mesmos depois desse  26 de outubro de 2014, principalmente aqui no Rio, onde o mar aproxima  favelas e coberturas, onde a  comunicabilidade e ginga do carioca nos ilude que estamos juntos e misturados. Não estamos e isso não é bom, mas é bem melhor  que esteja claro e que estejamos cientes. A hipocrisia não é a linha certa para escrevermos nosso futuro.

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