1 de dez. de 2008

Batman O Cavaleiro das Trevas


Domingo, Cine Palácio, Rio de Janeiro. Não consigo de imediato saber se a fila para a compra de ingressos está maior que a fila para entrar na sala e a fila da pipoca não fica muito distante em tamanho também. Bastante gente, vozerio, confusão. Pela primeira vez deixei de assistir a um filme do Batman na estréia. Estrategicamente, abandonei os shopping e deixei pra vir no domingo, que segundo dica de amigos, os cinemas no Centro estão vazios. Meus amigos devem ser muito tagarelas, pois, inteligentemente todo mundo traçou a mesma estratégia, e lá estava eu enfiada no meio de uma bem comportada multidão (ainda assim multidão) e sem o ar condicionado do shopping o que me fez pensar se não havia traçado uma estratégia suicida… But, no stress, o morcego merece!

Não me preparei para ver esse filme, apenas me concentrei para o baque triste que seria ver o Heath Ledger. Não li nenhuma crítica e não perguntei a ninguém. Ao ‘Batman Begin’, assisti 4 vezes, a este precisarei multiplicar esta quantidade em função de tanta qualidade, porque é um BAT FILME! O filme é sobre o Duas Caras, tem um Coringa que será inigualável (entendo que nunca é tempo demais, no entanto mantenho: inigualável = jamais será igualado.), tem metáfora da vida de como o homem perfeito deixa de sê-lo, tem diálogos muito legais pra um filme de ação. Ação? Não só, mas também. Batman é um filme com bastante ação, muito suspense, algum drama, uma pitada de romance, que desencadeia tudo o que acontece no filme e ainda mostra que para grandes atores não existe participação discreta, leia-se, Michael Caine e Morgan Freeman. Duas horas e trinta e cinco minutos e achei pouco.

Acontecendo quase que totalmente à noite, todas as cenas são bem visíveis, inclua-se aí as de lutas, totalmente superiores às dos outros filmes. Batman se torna mais um personagem no meio de tantas excelentes atuações, mas retoma a sua veia de detetive, mostra toda a sua inteligência e mostra que não é tão dependente da criatividade genial e conhecimento tecnológico do Lucius Fox (Morgan Freeman).

Creio que seja a melhor história que já vi em filmes de super-heróis. E aí todo mundo já sabe a resenha sobre Gothan. Na cidade tomada pela corrupção e outros crimes, Batman ganha o reforço do promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart), o “Cavaleiro Branco” legítimo representante do povo, que luta sem máscara e sem medo de colocar a “bagaceira” do crime atrás das grades. Com quase toda a máfia na cadeia, os remanescentes em liberdade aceitam uma proposta de um louco corajoso e anarquista que não quer o poder, quer instaurar o caos na cidade, quer levar as pessoas ao seu limite.

Sim, o Coringa de Ledger é o mensageiro do caos, aquele que quer mostrar que todos tem um lado oposto ao lado bom e que, bem manipulado vem à tona e prevalece. É como se ele soubesse a moeda de troca de cada um, ele sabe os valores de cada uma daquelas boas pessoas e faz o que precisa fazer pra ver esses valores ruirem.

Estranhei dessa vez a voz de Bale, acredito que seja porque neste filme, Batman fala muito mais que no anterior, onde só falava frases curtinhas. Mas se em Begins víamos um Batman que sabia se controlar, nesse Cavaleiro das Trevas o bicho pega! O Coringa tira realmente esse Batman do sério. Na cena do interrogatório na delegacia, vemos o nível da loucura desse Coringa que me pareceu um endemoinhado com alguns trejeitos de Jack Sparrow à beira de uma crise manicomial, histriônico, absurdo, assustador e pasmem: engraçado. Nesta cena, o maluco parecia agregar à sua loucura o efeito de qualquer droga que tenha adormecido o seu couro. Tudo para o descontrole do nosso herói! E se numa cena anterior Batman repreende o promotor de que não era certo trucidar um capanga debilóide do Coringa, à frente do palhaço ele se esquece disso e “manda ver” até perceber que ele não assusta o palhaço malvado.

É realmente um grande filme, uma grande história, uma grande direção e como se não bastasse, recheado de grandes interpretações. Umas poucas bobagens passam pela nossa cabeça quando por exemplo, tentamos entender como o Coringa consegue plantar tantas bombas em tantos lugares sem que ninguém veja e como fica no hospital um paciente tão importante, mas essas questões são expulsas da nossa mente mediante o que vemos na tela.

Eu particularmente fiquei com uma sensação de que o meu herói perdeu e perdeu feio. Sossego, amor, amizade e um tanto do juízo. E não é pra menos, afinal, testemunhei como um cidadão do bem, parceiro de luta pela justiça pode transformar-se num vilão depois de perder o que mais significava pra ele, deixando-se naufragar no ódio e na vingança. Senti uma certa mensagem de desesperança, amargura nesse nascimento do Duas Caras. Ver o promotor acima de qualquer suspeita, transformar-se num feio e deformado me pareceu uma metáfora do que acontece quando perdemos o controle e nosso emocional vai para onde não consegue mais voltar. Mas que maquiagem! Só acho que ele falou bem demais, Se o Coringa queria mostrar que a verdadeira face de Harvey Dent não era a que todos viam, consegue. Aliás, neste filme, Coringa consegue quase tudo, só não consegue matar o eterno morcego e é neste filme que se conhece em profundidade a BAT ALMA do morcegão.

Em tempo: Não vi o Heath Ledger, só o Coringa estava lá…


Um comentário:

  1. E o Palácio vai acabar...
    Que tristeza!
    Não se pode gsar de nada quenão seja kinoplex!

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