"Em fevereiro, tem carnaval!
Tenho um fusca e um violão
Sou Flamengo tenho uma nega chamada Teresa".
Passam as verdades e permanece a poesia. Das três estrofes
acima é certo que em fevereiro tem carnaval, o mesmo que no ano passado caiu em março, dando-me de presente um “niver “ na quarta-feira de
cinzas, assim, só consegui comemorar
depois que passaram as bandas, os blocos, as escolas, o desfile das campeãs, a grana dos amigos... O
que significa que não ganhei presentes e
ainda tive que esperar bastante pelas
presenças...Tenho um fusca e um violão
Sou Flamengo tenho uma nega chamada Teresa".
“Carnaval, esperança. Gente grande se torna criança”. Para a
maioria... Para população urbana comum, desfilar no sambódromo é um sonho caro
que exige o sacrifício dos ensaios . O carnaval virou competição e desafio. Para
muitos é uma maldição! Maldição das festas obrigatórias, aquelas que quem não
gosta, não tem para onde ir, ficam sem opção. Algumas pessoas esperam o ano
inteiro para que o carnaval chegue, outras esperam o carnaval inteiro para que
ele se vá logo, como uma visita indesejada, inoportuna. Particularmente gosto
do carnaval antes: os ensaios técnicos, movimentação
nas quadras, expectativa de vitória da minha escola. Prefiro o antes, divirto-me antes, sonho antes porque o meu sonho não for
realizado, eu pelo menos já me diverti! Já sonhei
com romances tórridos mascarados de Arlequim, vestido de índio do Cacique de Ramos, apache
ou pele vermelha. Já sonhei tirar o capuz de um carrasco e dar de cara com a
Lúcia Veríssimo. Nada disso aconteceu... Jamais tive uma mor de carnaval e
também nunca arranjei briga no sábado para me reconciliar na quarta de cinzas. Imagino que tenha perdido
essas emoções na vida, pressinto instintivamente
que com isso devo ter evitado um chifre com duração de 4 dias...
O carnaval não me trouxe a companhia inusitada ou falsamente
inesperada. Do mesmo jeito que as
boates nunca me ofereceram romances. Meus amores sempre foram encontrados no
dia-a-dia como gratas surpresas pela
minha total ausência de expectativas
românticas, aquelas que nos perseguem
quando caminhamos para as baladas. Baladas pra mim sempre foi para dançar, talvez encher a cara, sei lá porque , nunca achei uma
figura noturna que eu levasse para os meus dias. Daí, passei a pensar que
viver o que me cabe, do jeito que o dia me
traz tem lá os seus sabores. Na minha
lista de diversão não consta o item “achar alguém” e por sorte, ganho sempre o alguém como companhia para
quando as festa chegam ou mesmo para quando não há festa, nada para fazer nas
ocasiões de calendário preguiçoso. Eita pessoa na contramão sou eu!
Mas se você não é como eu,
“do contra”, use a internet para descobrir onde está aquele bloco que tem
um nome que te agrade ou está num bairro que combina com você. Os blocos aumentam
a cada dia em quantidade e tamanho, com nomes interessantes e divertidos. Diversão
gratuita, sem ensaio e quase nenhum esforço
que traz a oportunidade de se travestir sem receios ou pudores. Chance de
encontrar-se consigo mesmo ou com alguém que procure a pessoa que você é e só libera no
reinado de Momo! Portanto, camisinha à mão! E se não der certo, você, pelo menos já se divertiu! O grande barato do carnaval é as férias que se
dá para os (pré) conceitos, para
aquele check list que submetemos a potencial “ presa” em outros ambientes nos
dias comuns. Carnaval são dias em que
não faz muita diferença a vestimenta e modos e onde todos no geral, não tem muitas opções
para mudar de direção, estão todos atrás de um trio elétrico, de um bloco, de uma banda, de uma escola, de um ingresso pro baile... Alguns
concentrando sem sair, mas a conexão está em algo mais vivo. Desplugue-se nesse
carnaval, vá à praia, se esconda no mato, pegue um trem, se vire! Veja o que
passa, dê uma chance para que o dia te surpreenda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fique à vontade pra dar sua opinião.