20 de set. de 2013

Um Segundo de Lucidez



 Ai, daria tudo pra não ter que me jogar nessa noite tontos, perdidos e loucos, que ao avanço da lua tornam-se bêbados, tontos perdidos e mais loucos.

Não queria ser essa pessoa resistente ao esconderijo seguro de capas pretas, símbolos santos, palavras sagradas, olhares agradáveis na expectativa que sigamos o circo.

Não queria ser assim tão lúcida e que essa lucidez fosse assim atrevida e transbordasse olhos afora, boca pra dentro e exteriozando-se em palavras escritas.

Não queria sofrer pelo que tantos não sabem, muitos não querem
aprender impondo a opressão da ignorância brandindo penas da lei atribuídas a quem não as fez.

Eu queria ser comum, embora sozinha. Eu queria abandonar essa estratégia socialmente suicida de atrasar meus passos até que ninguém mais me veja e eu possa enfim, respirar.

Enquanto nada disso me é permitido, prefiro seguir o bêbados e os loucos. Visto-me de mim, aquele eu que o mundo fez. Até que todos ou apenas muitos descubram que o sagrado está dentro de si a ponto de poderem olhar para si mesmo deixando enfim, a vida alheia em paz.

Todos os gênio são atormentados e vivem sós, vivem assim do jeito que todos morremos. A mim coube a parte comum de viver só e sem vestígios da genial solidão.
Todos os gênios se envenenam e se corroem dos frutos quimicos, líquidos e sólidos dessa nossa civilização. Ao fim de tudo resta uma obra respeitada e uma falsa piedade profunda de quem os liquidou.

Sorte não ser gênio embriagado, fardo não ser comum.
Destino ser retirante da humanidade, sem asilo, passaporte, apenas litígios, desconfianças e muitos embargos.

Nada de pátria ou nação. A humanidade nos torna exilados. É preciso aceitar a realidade que é o nosso lado animal que nos dá abrigo.
Alma, pensamento, sentimento nos exila. Para isso foi criada a sociedade, para nos dividir e arrancar o que de melhor tivermos.

E assim nos tornamos essas pessoas que acreditamos nos que nos mentem, duvidando da verdade declarada por espontânea que é.

Ah, se pudéssemos assumir nossas porções de hipocrisia e deixar de avaliar o outro pelo que somos nós...

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