Amor e sexo para mim sempre foram coisas distintas. De
amor eu ouvia falar desde cedo nas novelas e histórias infantis, de sexo
demorou muito para eu poder ouvir ou falar. Na casa da minha infância casa não
habitavam as pessoas mais românticas do planeta, nem eram as mais delicadas, de
modo que a palavra amor não era recorrente, era rara e isso era muito comum no
universo em que cresci, onde a palavra de ordem era educação no sentido de
comportamento e fazia parte da boa educação (bom comportamento) não falar de
sexo, de modo que para entender sexo como parte do conjunto biológico natural normal do ser
humano , incluindo saúde, demorou muito.
Quando se falava em sexo, os
adultos lá da casa sabiam do que se tratava, eu aprendi na escola com "aquela
aula da Tia Leila" que explicava como eram gerados os bebês , só fui saber como
eles eram feitos, muito tempo depois. É que as informações de uma bolinha com
um rabinho, virando criança dentro de uma mulher, foi algo tão espetacular que
não me ocorreu perguntar como ela conseguiu entrar lá dentro. Na turma havia
42 alunos e ninguém fez essa pergunta.
Hoje fico pensando que sexo durante
tanto tempo para mim teve a conotação de vida, enquanto para os mais velhos lá
de casa, era relação sexual mesmo. Já amor entrou em contato comigo fantasiosamente,
através das histórias ridículas de príncipes e princesas, dragões, bruxas e maçãs, torres gigantescas, jardins de
espinhos intransponíveis, feitiços que faziam dormir por 15 anos.
A minha
história predileta era a Bela e a Fera, mas hoje sou obrigada a reconhecer que
fui a Bela Adormecida, aquela que acordou tendo que estar pronta para um amor
que na verdade seria “apenas” uma trepada
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fique à vontade pra dar sua opinião.