17 de mai. de 2008

AS MESMAS COISAS NÃO SÃO IGUAIS


A 1ª vez que fui ao cinema vi "Meu Pé de Laranja Lima", no Cine Regência em pleno Largo de Cascadura. Um cinemaço, foi o que me pareceu naquela idade. E o filme que filmaço! Saí de lá entre o encanto e a perplexidade, apoplética!


O ator era um menino loiro e lindo, mas tinha uma vilã que nenhuma criança gostaria de ter por perto, era Jandira, vivida por Eva Wilma. Do outro lado do time, uma atriz de rosto doce vivia uma personagem igualmente doce e boa mas não forte suficiente para evitar as maldades da Jandira. Lembro ainda do Aurélio Teixeira que fazia um tipo a princípio mal-humorado que se transforma em amigo do guri loiro,o Zezé, que fugia de uma realidade dura e incompreensível ao montar num galho de um certo pé de laranja, este era o seu cavalo que o levava daquele lugar triste onde os bons não tinham defesa...



Não lembro quantos anos eu tinha...

Não lembro ao certo o nome da personagem boazinha, recordo vagamente que era um nome esquisito...
Mas lembro do pé de laranja lima, lembro do desfecho cruel do filme, Da morte do portuga mal-humorado bem quando ele se torna bonzinho e faz o Zezé feliz.
Lembro da vilã com nome e tudo e recordo ainda que a minha afinidade veio imediata, substituindo o pé de laranja por um cachorro chamado Big. Era o Big que me levava para longe das enormes torturas de, como menina, já ter que aprender a lavar louça, "passar uma vassoura na casa" e o pior de tudo: estudar Matemática!
É, minha infância não foi mole não!
A casa da minha infância também tinha o time dos bons e maus e assim sendo, era o Big que tinha o dom de me transformar em herói. Ele ouvia meus problemas e sinalizava com cabeça mansamente esquerda/direita com um olhar que dizia:
-"calma! Isso passa. Eu entendo. Mas você vai crescer logo..."
Bem, depois deste cinema muitos e muitos vieram, aqui e em outros países. Entrava nos cinemas mesmo sem ter legenda em português, porque cinema é muito mais que um filme... Ate porque, em certas situações não basta entender o vocabulário para compreender... Terminada a sessão as pessoas saíam com opiniões totalmente diferentes sobre o único filme exibido e a minha era mais uma, independentemente de ter entendido o idioma, compreendido o filme ou não...
A gente vive assim, todos olham os mesmos fatos mas uma vez ultrapassadas nossas retinas, a história muda.Vemos todos coisas mesmas que nunca são iguais...

PAUSA PARA O TRABALHO - CONTINUO DEPOIS

2 comentários:

  1. Quando conheci nos anos 90 o Cine regência, que existe até os dias de hoje, já tinha se transformado num templo onde raposas e mariposas circulam na penumbra, espreitando alguma presa desavisada ou até mesmo mais atenta... o regencia é hoje um grande calderão onde o demônio vai mexendo o caldo com sua enorme colher de pau.

    ResponderExcluir
  2. Conheci o Cine Regência nos anos 90 e já tinha se transformado num cinema "poeirinha" onde homens e outras criaturas que mais pareciam saidas da escuridão da noite, transitavam pela imensa sala, na penumbra ou na escuridão total. O Regencia virou um grande caldeirão onde o demônio vai mexendo o caldo com sua enorme colher de pau.

    ResponderExcluir

Fique à vontade pra dar sua opinião.