Se você é mulher e tem como orientação sexual outra
mulher jamais se case enquanto não assimilar alguns itens básicos ou case-se
justamente para que possa aprendê-los.
Casar com uma mulher, se você é mulher, é muito
mais que transportar o modelo de casamento heterossexual para uma versão
feminina, isso não funciona… Assim como o modelo de casamento entre seus pais
jamais daria certo se adotado por você ao se casar com um homem.
Hoje podemos questionar por que casar ou não casar. Em
remotas eras, casar era um destino e um desabonador de conduta para aqueles que
não se comprometiam. Quem pode lembrar-se da tia solteirona? Da figura e fama
dos solteirões inveterados? Não existia vida inteligente ou normal para os
eternamente solteiros. Nesse tempo jurássico, em que casamento era default, ser
solteiro significava ter sido reprovado, carregar algum defeito. Não havia
compreensão para a escolha da solidão. Sim, nesses tempos antigos, não
ser casado significava ser solitário.
Felizmente isso acabou! As famílias deixaram aos
poucos de interferir, barganhar, contratar casamentos. A idade para casar foi
aos poucos sendo postergada e hoje pode-se casar com qualquer idade.
Talvez tenha havido um consenso por parte da sociedade que casamento
antes de ser uma solução tornara-se um problema. Talvez as famílias tenham percebido
que além de não se livrarem da filha, ainda precisavam agregar o marido dela e
filhinho deles. Vai saber? Isso é assunto para antropólogos, sociólogos,
pensadores pesquisadores autorizados a falar sobre este aspecto do tema.
Não é o meu caso.
O que percebo é que hoje ninguém mais precisa de
casamento para ser feliz, mas ele ainda é o sonho de consumo de pelo menos 9
entre 10 mulheres mortais. A boa notícia é que além de não existir uma idade
padrão para o casamento, embora existam idades mais recomendáveis, também não
há obrigação para tal e uma vez que se escolha o casamento como modo de vida,
ainda que algumas rugas e rusgas podemos escolher o sexo do nosso príncipe
encantado. A má notícia é que por ser uma realidade aleatória e
inexistente, quando encontramos o príncipe encantado mesmo que ele jure que
você é a princesa, cada vez mais o
orçamento das pessoas ficam muito distante da realeza. Se antes era
preciso posses e dotes para um casamento, hoje casa-se muito mais justamente
pela falta deles.
A mulher ao se casar com um homem, vê-se e sente-se
como uma princesa mas ela já descobriu que esse título é temporário, a realeza
vai-se extinguindo à medida que o tempo passa, que o colágeno se ausenta e o
ventre aumenta. Homens, príncipes ou não, terão sempre maior interesse nas princesinhas
que nas rainhas, por dois motivos muito simples:
1- 1- se
é rainha já é reino conquistado
2- 2-
é da natureza masculina o interesse por tudo o que é novo, fresco, rijo e que
possa fazê-los sentirem-se príncipes novamente! O que mudaria
essa realidade? O amor! Mas se os casamentos nos primórdios erma uma
negociação de família, não precisa-se de muito tutano pra entender que
casamento e amor não foram criados um para o outro.
Se eu disser que o amor entre um casal, foi uma ilusão
criada a partir do mesmo princípio que os homens criaram Deus pra superar tudo
aquilo que parecia que não iam aguentar estarei sendo herege? Cínica? Rude?
Analisemos:
Você tem 2 anos de idade e antes de nascer sua família
já tratou com uma outra o seu casamento. Você cresce e suponhamos que seja uma
moça boazinha, aceita casar-se e não são raros relatos antigos de moças que
conheceram o marido no dia das núpcias. Em que momento você começará a amar
essa pessoa que entra na sua vida como se fosse um professor que você não pôde
escolher? Sendo obrigatório estudar,
sendo você alguém com algum juízo e por isso percebendo que é preciso estudar,
é certo que procurará ver no mestre o maior número possível de valores que
possam diminuir a sua situação de suplício.
Assim sendo, como falar que casamento é um ato de
amor?
Casamento é um ato político, estratégico comercial que
se tornou uma instituição tomando-se por base interesses diversos que
quase nunca seriam os das pessoas envolvidas. Ou seja, você viveria para o
resto da sua vida com alguém que não pôde escolher, tinha que formar a partir
disto uma família honrada, equilibrada, harmoniosa e feliz. Não nos esqueçamos
que tudo isso era por tempo ilimitado, até que a morte tivesse pena dos que
eram infelizes e acabasse com a brincadeira que de certo não favorecia às
mulheres.
Milhares de romances foram escritos, falando da
traição feminina, pois desde que o mundo é mundo e mesmo antes da humanidade
saber escrever, o que desperta interesse, rende mídia é aquilo que não pode ser.
E os homens sempre puderam dar suas escapadas, ter suas amantes, frequentar os
seus prostíbulos, abastecidos por meninas sem juízo, iludidas, azaradas ou tudo
isso junto não necessariamente nessa ordem.
Em resumo, é uma total hipocrisia falar de casamento e
amor, como se fala de violão e música. O histórico do casamento em si,
mostra o longo caminho percorrido pela nossa sociedade para que ele seja
hoje dependendo do ponto de vista, a expressão e a necessidade dos que
realmente se amam ou um antigo negócio sob nova direção, com outros focos, mas
ainda um negócio e ainda pode ser um ato de interesse mútuos, como dizem por
aí, algo que pode unir o útil ao agradável. Felizmente, não mais compulsório,
embora o ranço histórico e preconceituoso
ronde aqueles que não se casam: são gays ou são loucos !
Um dos poucos sinais que temos de que o terceiro
milênio chegou é a possibilidade de casamento entre iguais, embora ainda no
terreno da coragem e jurisprudência, mas o cara que inventou a roda deve ter
passado pelo mesmo processo. Algumas iniciativas e descobertas por mais óbvias
e necessárias que sejam, não são aceitas
sem luta. Há sempre alguém confortavelmente instalado sobre aquilo que machuca
e destrói somente a quem está lá embaixo…
Assim temos:
- Pessoas
que casam porque se amam tanto que não conseguem ficar sem a outra,
inclua-se nesse caso as situações de paixões avassaladoras e caprichos
intempestivos;
- Pessoas
que se casam porque é uma forma de dar o fora da casa dos pais. Neste caso
como os pais capazes de incomodar a convivência dos filhos no lar por
motivos de educação disciplinadora e ética moral estão em extinção, esses casos são mais remotos
mas não de todo inexistentes
- Pessoas
que se casam porque dividir despesas é mais barato do que os custos incidentes
no namoro, ainda que se dividam igualmente as despesas entre o casal, isso
reduz muito as oportunidades de encontros com finalização completa, digamos
assim quando não se e rico mas não tão pobre que se aceite o desconforto e
o risco de uma trepada em local público
- Pessoas
que se casam para limpar a barra mesmo e mostrar ao mundo a sua
heterossexualidade quando não a possuem numa escala tão ampla e relevante
quanto ele próprio gostaria.
- Pessoas
que se casam porque não conseguem viver sós.
Havendo outras categorias conto com a colaboração de
você leitor que não desistiu no primeiro parágrafo.
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