21 de jul. de 2010

CASAMENTO - parte 1

Se você é mulher e tem como orientação sexual outra mulher jamais se case enquanto não assimilar alguns itens básicos ou case-se justamente para que possa aprendê-los.
Casar com uma mulher,  se você é mulher, é muito mais que transportar  o modelo de casamento heterossexual para uma versão feminina, isso não funciona… Assim como o modelo de casamento entre seus pais jamais daria certo se adotado por você ao se casar com um homem.
Hoje podemos questionar por que casar ou não casar. Em remotas eras, casar era um destino e um desabonador de conduta para aqueles que não se comprometiam. Quem pode lembrar-se da tia solteirona? Da figura e fama dos solteirões inveterados? Não existia vida inteligente ou normal para os eternamente solteiros. Nesse tempo jurássico, em que casamento era default, ser solteiro significava ter sido reprovado, carregar algum defeito. Não havia compreensão para a escolha da solidão. Sim,  nesses tempos antigos, não ser casado significava ser solitário.
Felizmente isso acabou! As famílias deixaram aos poucos de interferir, barganhar, contratar casamentos. A idade para casar foi aos poucos sendo postergada e hoje pode-se casar com qualquer idade.  Talvez tenha havido um consenso por parte da sociedade que casamento antes de ser uma solução tornara-se um problema. Talvez as famílias tenham percebido que além de não se livrarem da filha, ainda precisavam agregar o marido dela e filhinho deles. Vai saber? Isso é assunto para antropólogos, sociólogos,  pensadores pesquisadores autorizados a falar sobre este aspecto do tema. Não é o meu caso.

O que percebo é que hoje ninguém mais precisa de casamento para ser feliz, mas ele ainda é o sonho de consumo de pelo menos 9 entre 10 mulheres mortais. A boa notícia é que além de não existir uma idade padrão para o casamento, embora existam idades mais recomendáveis, também não há obrigação para tal e uma vez que se escolha o casamento como modo de vida, ainda que algumas rugas e rusgas podemos escolher o sexo do nosso príncipe encantado.  A má notícia é que por ser uma realidade aleatória e inexistente, quando encontramos o príncipe encantado mesmo que ele jure que você é a princesa,  cada vez mais o orçamento das pessoas ficam muito distante da realeza.  Se antes era preciso posses e dotes para um casamento, hoje casa-se muito mais justamente pela falta deles.
A mulher ao se casar com um homem, vê-se e sente-se como uma princesa mas ela já descobriu que esse título é temporário, a realeza vai-se extinguindo à medida que o tempo passa, que o colágeno se ausenta e o ventre aumenta. Homens, príncipes ou não, terão sempre maior interesse nas princesinhas que nas rainhas, por dois  motivos muito simples:  
1-      1- se é rainha já é reino conquistado
2-      2- é da natureza masculina o interesse por tudo o que é novo, fresco, rijo e que possa fazê-los sentirem-se príncipes novamente! O  que mudaria essa realidade? O amor! Mas se os casamentos nos primórdios erma uma negociação de família, não precisa-se de muito tutano pra entender que casamento e amor não foram criados um para o outro.
Se eu disser que o amor entre um casal, foi uma ilusão criada a partir do mesmo princípio que os homens criaram Deus pra superar tudo aquilo que parecia que não iam aguentar estarei sendo herege? Cínica? Rude?
Analisemos:
Você tem 2 anos de idade e antes de nascer sua família já tratou com uma outra o seu casamento. Você cresce e suponhamos que seja uma moça boazinha, aceita casar-se e não são raros relatos antigos de moças que conheceram o marido no dia das núpcias. Em que momento você começará a amar essa pessoa que entra na sua vida como se fosse um professor que você não pôde escolher?  Sendo obrigatório estudar, sendo você alguém com algum juízo e por isso percebendo que é preciso estudar, é certo que procurará ver no mestre o maior número possível de valores que possam diminuir a sua situação de suplício.
Assim sendo, como falar que casamento é um ato de amor?
Casamento é um ato político, estratégico comercial que se tornou uma instituição tomando-se  por base interesses diversos que quase nunca seriam os das pessoas envolvidas. Ou seja, você viveria para o resto da sua vida com alguém que não pôde escolher, tinha que formar a partir disto uma família honrada, equilibrada, harmoniosa e feliz. Não nos esqueçamos que tudo isso era por tempo ilimitado, até que a morte tivesse pena dos que eram infelizes e acabasse com a brincadeira que de certo não favorecia às mulheres.
Milhares de romances foram escritos, falando da traição feminina, pois desde que o mundo é mundo e mesmo antes da humanidade saber escrever, o que desperta interesse, rende mídia é aquilo que não pode ser. E os homens sempre puderam dar suas escapadas, ter suas amantes, frequentar os seus prostíbulos, abastecidos por meninas sem juízo, iludidas, azaradas ou tudo isso junto não necessariamente nessa ordem.
Em resumo, é uma total hipocrisia falar de casamento e amor, como se fala de violão e música. O histórico do casamento em si,  mostra o longo caminho percorrido pela nossa sociedade para que ele seja hoje dependendo do ponto de vista, a expressão e a necessidade dos que realmente se amam ou um antigo negócio sob nova direção, com outros focos, mas ainda um negócio e ainda pode ser um ato de interesse mútuos, como dizem por aí, algo que pode unir o útil ao agradável. Felizmente, não mais compulsório, embora  o ranço histórico e preconceituoso ronde aqueles que não se casam: são gays ou são loucos !
Um dos poucos sinais que temos de que o  terceiro milênio chegou é a possibilidade de casamento entre iguais, embora ainda no terreno da coragem e jurisprudência, mas o cara que inventou a roda deve ter passado pelo mesmo processo. Algumas iniciativas e descobertas por mais óbvias e necessárias que sejam,  não são aceitas sem luta. Há sempre alguém confortavelmente instalado sobre aquilo que machuca e destrói somente a quem está lá embaixo…
Assim temos:
  • Pessoas que casam porque se amam tanto que não conseguem ficar sem a outra, inclua-se nesse caso as situações de paixões avassaladoras e caprichos intempestivos;
  • Pessoas que se casam porque é uma forma de dar o fora da casa dos pais. Neste caso como os pais capazes de incomodar a convivência dos filhos no lar por motivos de educação disciplinadora e ética moral estão  em extinção, esses casos são mais remotos mas não de todo inexistentes
  • Pessoas que se casam porque dividir despesas é  mais barato do que os custos incidentes no namoro, ainda que se dividam igualmente as despesas entre o casal, isso reduz muito as oportunidades de encontros com finalização completa, digamos assim quando não se e rico mas não tão pobre que se aceite o desconforto e o risco de uma trepada em local público
  • Pessoas que se casam para limpar a barra mesmo e mostrar ao mundo a sua heterossexualidade quando não a possuem numa escala tão ampla e relevante quanto ele próprio gostaria.
  • Pessoas que se casam porque não conseguem viver sós.

Havendo outras categorias conto com a colaboração de você leitor que não desistiu no primeiro parágrafo.

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