16 de jun. de 2016

MEUS HERÓIS DO SAMBA

A minha paixão pelo samba vai além do ritmo, inclui suas letras, temas e mensagens. Chega ao bailado, mora no modo de vida, e aninha-se no carinho por tantas personalidades que são referência, estão vivas e muitas ainda produzindo. Esses sambistas da antiga que trazem em si valores que estão se perdendo, de um tempo em que tudo parecia acontecer mais devagar. Os vejo como heróis sobreviventes a um sistema que oferecia uma expectativa de vida menor para as pessoas. Era uma vida tão interessante que cantada com batuque encantava e até hoje encanta.
Eles não saíam correndo em busca do sucesso, não se acotovelavam em porta de empresários, não corriam para as suas musas nem que elas fossem as cantoras "da hora", pelo contrário, tudo isso  aparecia lá no morro ou nos cafundós suburbanos e adjacências do Centro em busca daquela poesia "simples". Esse movimento de busca ao contrário, seria o responsável pela vida que fluía mais vagarosamente?

Eu converso com alguns desses sambistas, compositores "da antiga" e noto o modo de falar tranquilo, eles me contam suas reminiscências e são histórias, "causos" quase sempre divertidos, sempre muito interessantes e percebo que havia sim, uma procura por parcerias. Eles buscavam-se uns aos outros, reuniam-se, visitavam-se, compunham juntos e mantinham-se à sombra das suas escolas, como se fosse num piquenique. Suas escolas de samba funcionavam como um núcleo comunitário no sentido de agregar e a tradição dos sambistas que por ali já tinham passado aparecia na personalidade das suas composições. Os mais jovens buscavam esses que hoje chamamos de baluartes, buscando talvez mais compreensão e sabedoria do que efetivamente sucesso.

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