16 de jun. de 2016

VIVENDO, VENDO, PERCEBENDO

De repente a gente enxerga muito claro quem, o quê e para quê. Sou uma pessoa atrasada, quem sabe, retardada, sempre fazendo tarde por maturidade o que todo mundo faz na base do carbureto. Mas como minha mãe dizia: "você não é todo mundo". Não, não sou. Nunca fui. Graças a você, mom!
Minha "primeira vez" foi depois, bem depois dos 15 anos. Meu primeiro porre foi muito depois dos 20, até o dia de hoje não experimentei a tal da maconha. Nada disso, no entanto, me sequestra a sensação de ter vivido em plenitude e sei que fiz tudo o que muita gente se segura na cadeira para não fazer ou, corre ao padre para confessar quando faz ou, tem que dobrar o dízimo do pastor porque fez. Tudo o que eu fiz, mesmo o que me arrependo de ter feito, foi sem culpa, quase tudo sem orgulho porque foi com a naturalidade dos meus anseios e consciência dos meus direitos.
Usei decotão de fazer motorista frear, usei micro saia de fazer as amigas quererem me matar, vesti biquínis que não davam quase pra enxergar. Deu tempo de usar umas roupas desprezadas pelo meu irmão, tive tempo de ser sapatão. Ainda acho um tempo de fazer o bem e consegui tempo para ser freira também. Nunca misturei minhas roupas com as minhas atitudes e umas coisas nada tem a ver com outras.
Atravessei algumas vezes a lagoa da Barra a nado e a Ministro Ivan Lins correndo, na hora do almoço, pra pegar 15 minutos de praia lá no Canal, do lado direito da ponte da Joatinga.
Frequentei muito forró à sombra dos esqueletos dos condomínios que cresciam por ali e eu nunca gostei de forró, mas gostava dos amigos que me levavam lá.
A Barra era boa nesse tempo. A Barra é uma criança mimada com inveja de Miami e vergonha do suor nordestino que absorveu para crescer do mesmo jeito que o Brasil é um adolescente complexado extremamente envergonhado do sangue de negros escravos que regou sua civilização, construiu sua civilidade e permitiu a fortuna de tantos sem-caráter ou sem humanidade.
No geral é assim, no Brasil, as pessoas se orgulham do que tentam imitar, apenas escondem o que deveriam evitar e tem um puta prazer de dizer que conhecem o grande fulano quanto tem orgulho em proclamar que conhecem a prima da sobrinha de um irmão de um colega que trabalhou na casa de um artista qualquer ou não qualquer, no caso relevante. Do mesmo modo. Prestam pequenos favores a pequenos ou grandes poderosos e/ou endinheirados sonhando estar nas sua listas de preferência para outras coisas, imaginando que eles estarão disponíveis quando necessitarem.
As redes sociais prestam um imenso serviço quando revelam alguns comportamentos, sem a necessariamente dar consciência a quem os pratica. É como se o rei estivesse nu ou o mendigo se julgando chique por trajar gravata borboleta  ignorando sua própria bunda de fora.  Mas isso só percebo agora...

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