8 de jul. de 2016

ESSA ESQUINA É NOSSA

Essa foto foi tirada ontem (07/07/2016) com celular da Juju. Como podem ver recebemos o nosso público rotineiro e mais alguns incluindo músicos e amigos que passaram para nos visitar. Venho batalhando com o Samba Independente dos Bons Costumes, há um pouco mais de ano. 

Estamos ali, na calçada do Araponga, precisamente na rua Luis de Camões esquina com Gonçalves Ledo - Praça Tiradentes - RJ, todas as quintas, passando o chapéu para arrecadar o cachê dos músicos. Mas realmente trabalhar com juventude é outro papo nos dois sentidos, porque o jovem transmite sua esperança e seu entusiasmo quando ele os tem juntamente com a sinceridade e fé no trabalho. 

O SIBC é um movimento espontâneo nascido do desejo de apenas fazer samba, oferecer música e alegria para os transeuntes, um modo de mostrar nossa cultura às pessoas expostas a uma sonoridade massacrante e de pouca qualidade difundida à exaustão pelas grandes mídias. Uma proposta idealizada pelo Pedro Manhães para as pessoas que tomam trem, andam de ônibus, fazem seu supermercado sem que sobre "algum" para o lazer. Surgiu numa época em que a bipolaridade política dividiu nossa cidade entre coxinhas e mortadelas o que tirou de muitos a vontade de falar e se posicionar, trazendo uma cafonice sombria para os nossos dias.

Sim, acontecem muitos eventos a céu aberto na nossa cidade, mas esse menino foi parar ali com o grupo de músicos, levado pela popularidade dos cardápios e seus preços, por isso tornou-se também, uma opção democrática de bom almoço possível com musica nos primeiros sábados de cada mês. 

O entorno estava tão bonito mas ainda deserto, talvez pela fama arraigada por muitos anos, é que as pessoas demoram um pouco (ou muito) para descobrir as mudanças dos locais. 

Os empresários preferem os tiros certos, os investimentos mais seguros e nada nos fala mais sobre isso do que a Lei Rouanet quase sempre na mão dos mesmos, onde o mecenato é investidor e logicamente, sempre escolhe as figuras consagradas capazes de levar grande público com poder aquisitivo alto o suficiente consumir seus produtos caros, gente bonita (que vamos combinar, seria melhor chamar de gente bem tratada e trajada) para engrandecer suas logomarcas e a Lapa que não tem muitos locais com preços sugestivos. 

Não temos entre nós no grupo ninguém que tenha a estrada coroada com a gravação de CDs e fama nacional, talvez por isso, tenhamos construído o nosso público a partir do próprio público, passantes, trabalhadores a caminho de casa, galera curiosa das redes sociais, estudantes que saem das faculdades ali no entorno, alguns jovens vizinhos dos músicos - o que faz com que gente jovem seja a predominância nas 500 cabeças em média que se reúnem a cada semana para ouvir nosso som que oferece releituras do samba dito antigo, de raiz e mais ijexá e outras sonoridades da nossa matriz africana. 
Já recebemos umas visitas que nos orgulham por exemplo, Marquinhos DinizSambista, Marquinho Sathan, Renato Máspero e Ana Quintas que nos incentivaram, apoiaram e creiam, gostaram do nosso trabalho.

Chamei à parceria alguns amigos da área cultural, mas as coisas são do jeito que tem que ser e elas estão sendo e a gente vai tocando feliz e depois de ler o agradecimento do Moacyr Luz que teve o Samba do Trabalhador agraciado com o Prêmio da Música e de ontem, certamente seguirão melhores.
Moacyr Luz, um ícone pra mim, por pessoa admirável que é, aquelas suas palavras foram um estímulo e um pouco mais. 

Ontem aconteceu o evento que reuniu grande quantidade de rodas de samba, ali na Praça onde estamos todas as semanas, convidados que não fomos, permanecemos no nosso canto e o canto-espaço-geográfico virou verbo e muitos além dos muitos que estão conosco, cantaram entre nós!

A vida a despeito dos pesos, é leve e vamos assim, leves, cantando e que Deus permita que esses meninos do Samba Independente dos Bons Costumes permaneçam por muito tempo com essa generosidade de dividir com a rua o seus imensos talentos e nobreza! Todas as semanas para todas as gentes na mídia da qualidade e da gentileza, Amém!

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