29 de mai. de 2018

EVOLUIR NÃO É EMBRUTECER

Não sou saudosista, não tenho tanto apego ao passado, eu só queria que as nossas vidas e também o bom e velho samba não perdessem o lirismo. Lirismo que é muito mais que palavras de amor que se vive ou que de nós se despede gerando lindas palavras de sentimentos musicais. Aquele lirismo que era também gentileza, cordialidade na forma de viver, mesmo daquelas pessoas que viviam em condições "ideais" para serem brutas e ainda assim falavam de forma divina - lírica - dos sentimentos que lhes iam na alma. Gente sem faculdade, com empregos pesados, mãos calejadas eram líricas e por isso lúdicas.
Sinceramente, passo alguns minutos, às vezes horas, pensando como fomos capazes de criar umas gerações tão concretas (pesadas) como indiscretas, duras, sem lirismo algum. Trocam gentilezas entre seus pares, gritam por igualdade mas ao mesmo tempo, só fazem ressaltar as diferenças que têm com os demais. Um excesso de superioridade mesmo quando afirmam fragilidade
Eu sei que no mundo sempre teve gente tosca, rude, soberba eu sei que todo mundo tem um pouco disso, mas acho que passamos muito além da conta do permitido e até do suportável.
Quando eu me apaixonei pela Portela foi por causa do lirismo daquelas canções da Velha Guarda com temáticas tão bem desenvolvidas, de forma tão sucinta objetiva, direta, simples e leve como um dente-de-leão que se desfaz no ar sem desaparecer; Que simplesmente se divide em muitas partes e segue a flutuar virando outra coisa. Tal qual as melodias daquela que amei à primeira audição, a mestra maior do meu coração, Dona Ivone Lara

Quem conheceu isso, vai ter sempre alguma resistência às novas melodias, sonoridades e poemas sem poesia que por mais que sejam diferentes são sempre a mesma coisa.
Eu sei que as coisas evoluem mas onde está o capítulo da vida que diz que evoluir é embrutecer?

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