1 de mar. de 2011
ANIVERSÁRIO DO RIO DE JANEIRO
Claro que conheci cariocas que nem pareciam ter nascido aqui, alguns tinham viajado por outras terras e planetas e devem ter perdido a essência que faz a felicidade independer tanto do paraíso quanto do caos...
Também conheci muitos cariocas de outras cidades, alguns que estiveram por aqui correndo, outros que vindo para cá, ficaram e outros que conhecem por postais, TV e sonhos, essa sim a melhor forma de se conhecer o Rio. Não existe carioquice onde não houver uma ainda que pequena porção de sonhos:
De terno e gravata olhar o mar e se imaginar lá.Com uniforme de brim, aperreado de suor, sonhar com a cerveja gelada do fim do dia...
Sonhar com a Taça Guanabara do ano seguinte, logo que assiste a derrota do seu time...
Passar pela Delfim Moreira e pensar como a Jovelina: "ai que vontade que eu tinha de ter um carango joinha e morar na Vieira Souto ou em Copacabana..."
O Rio é um sonho que se vê, se assiste, se vive e na medida do possível se realiza, aí está o maior dos sonhos cariocas, ser feliz com o que se tem a despeito do que nos tiram.Amo muito essa cidade e me sinto parte dela. Dou espaço para que os outros o façam pelo Rio e pelas suas Cidades tbm. Mas hoje é nosso aniversário, por isso falo de nós!!!
DE VINÍCIUS PARA NÓS HÁ 50 ANOS.
não gostar de levantar cedo, mesmo tendo obrigatoriamente de fazê-lo;
- aderir à cidade e só se sentir completamente em casa, em meio à sua adorável desorganização;
- chuveirada! um ritual sagrado no seu cotidiano Praticada com umaquantidade de sabão suficiente para apagar uma mancha mongólica;- é trabalhar com um ar de ócio, com um olho no ofício e outro no telefone, de onde sempre pode surgir um programa;
- é ter como único programa o não tê-lo;
- é estar mais feliz de caixa baixa do que alta;*
- é dar mais importância ao amor que ao dinheiro.
- poucos cidadãos poderão ser mais marretados pela cidade a que ama acima de tudo.
* "mais feliz de caixa baixa pq a gente procura e não encontrando, inventa motivos pra ficar feliz, assim durinho, né?
NIVER DO RIO DE JANEIRO!!!
Assim escreveu Vinicius há 50 anos:"O negócio é mesmo chamar o Distrito Federal de Estado da Guanabara, que não é um mau nome, e dar-lhe como capital o Rio de Janeiro, continuando os seus filhos a se chamarem cariocas.
Imaginem só chegarem para a pessoa e perguntarem de onde ela é, e ela ter de dizer: "Sou guanabarino, ou guanabarense"... Não é de morte?
Um carioca que se preza nunca vai abdicar de sua cidadania. Ninguém é carioca em vão. Um carioca é um carioca. Ele não pode ser nem um pernambucano, nem um mineiro, nem um paulista, nem um baiano, nem um amazonense, nem um gaúcho.
Enquanto que, inversamente, qualquer uma dessas cidadanias, sem diminuição de capacidade, pode transformar-se também em carioca; pois a verdade é que ser carioca é antes de mais nada um estado de espírito.
(...)Pois ser carioca, mais que ter nascido no Rio, é ter aderido à cidade e só se sentir completamente em casa, em meio à sua adorável desorganização.
Ser carioca é não gostar de levantar cedo, mesmo tendo obrigatoriamente de fazê-lo; é amar a noite acima de todas as coisas, porque a noite induz ao bate-papo ágil e descontínuo; é trabalhar com um ar de ócio, com um olho no ofício e outro no telefone, de onde sempre pode surgir um programa; é ter como único programa o não tê-lo; é estar mais feliz de caixa baixa do que alta; é dar mais importância ao amor que ao dinheiro.
Que outra criatura no mundo acorda para a labuta diária como um carioca? Até que a mãe, a irmã, a empregada ou o amigo o tirem do seu plúmbeo letargo, três edifícios são erguidos em São Paulo. Depois ele senta-se na cama e coça-se por um quarto de hora, a considerar com o maior nojo a perspectiva de mais um dia de trabalho; feito o quê, escova furiosamente os dentes e toma a sua divina chuveirada.
Ah, essa chuveirada! Pode-se dizer que constitui um ritual sagrado no seu cotidiano e faz do carioca um dos seres mais limpos da criação. Praticada de comum com uma quantidade de sabão suficiente para apagar uma mancha mongólica, tremendos pigarreios, palavrões homéricos, trechos de samba e abundante perda de cabelo, essa chuveirada - instituição carioquíssima - restitui-lhe a sua euforia típica e inexplicável: pois poucos cidadãos poderão ser mais marretados pela cidade a que ama acima de tudo.
Em seguida, metido em sua beca de estilo, que o torna reconhecível por um outro carioca em qualquer parte do mundo (não importa quão bom ou medíocre o alfaiate, de vez que se trata de uma misteriosa associação do homem com a roupa que o veste), penteia ele longamente o cabelo, com gomina, brilhantina ou o tônico mais em voga (pois tem sempre a cisma de que está ficando careca) e, integrado no metabolismo de sua cidade
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