4 de set. de 2013

(SEM TÍTULO)

Coisa boa dar de cara com o que me faz feliz,
meu Império, minha Portela.
Meus poetas, minhas músicas.
Minha cultura, minha cor.
Meus amigos, meu amor!
Meu coração generoso demais,
carente na mesma proporção.
Tem tristeza, tem alegria
não tem desilusão.
Meu deus é a energia dobrada
correr, chutar, defender e agarrar
Pisciana, de Imbualama, bipolar
2 pais, 2 mães, 4 avós 8 irmãos,
Se um dia eu morrer encontrarão 2 corações.
Um batia pela vida, o outro era cheio de vida também!!!
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 Tem gente que não acredita até hoje, e é tão sincero da minha parte, que não há nenhuma má intenção. Ainda assim há quem não acredite porque não concorda.
Essa coisa de escola de samba, pode sofrer influências e interferências. Pode ser
cristalizada desde sempre se a pessoa vive no ambiente sempre, desde sempre. Eu ouço gente dizer que se tornou da escola tal quando foi à quadra, ou quando conheceu o sicrano, ou no desfile X ou por causa do samba Y.
Outros torcem porque são nascido e/ou criados no bairro daquela respectiva agremiação.
Paulinho diz: "Foi um rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar" e só o disse depois de ter feito samba lindo pra Mangueira.

Pois bem, tenho meus motivos. Nasci de um jeito, tornei-me de outro e depois fui mudando com minhas vivências, aprendendo com as minhas experiências. Se eu fosse italiana e chegasse ao Brasil com 10 anos de idade, não poderia torcer pelo Brasil? E torcendo teria que desprezar a Itália?

Minha família foi 100% portelense eu 95% rebelde, apaixonei-me pela melodia de Ivone Lara, embarquei nos sambas de Silas, admirei Aluisio Machado, curti Jorginho do Império, alucinava por Roberto Ribeiro. Mas não vivenciei nada disso.

Venho de trabalhos rockers, com vivencia adolescente em Disco Music, adentrei no mundo do samba pela porta da frente,já com mais de 30 anos, pelas mãos de uma portelense, filha de um portelense histórico, que me apresentou de cara meia ala de compositores da Portela e a cabeça da VG portelense.

Quando comecei a trabalhar nesse segmento, meu primeiro trabalho foi no João Caetano com Tia Surica, Noca, Bruno Ribas, na época intéprete da Portela e meu antigo vizinho desde menino no Remy. O trabalho se fez e todos éramos tão gente boa que a amizade permaneceu. Creio que 80% dos meus amigos são portelenses, com eles eu bebo, me divirto. 95% do que ouço tem raiz portelense. Hoje não sou mais a criança que não compreendia a dor que cantava Candeia, nem a menina que a família não deixava ir pro samba, mas não tenho como extirpar aqueles que me trouxeram para o mundo da melodia sagrada, ainda na infância. Não vejo porque escolher, é como se eu tivesse um pai verde e branco e uma mãe azul e branco, que moram no mesmo bairro. Uma me botou no mundo mas foi a outra que me acolheu. Num acidente podendo salvar só seu pai ou a sua mãe você saberia escolher? Eu não e sinto-me feliz por não precisar fazer essa escolha. Não se tira amor do coração, mas antes se ama sempre mais, ser incompreendida por excesso de amor não me aborrece, "só eu sei as esquinas porque passei"

É
o amor não tem só dualidade, o amor tem multiplicidade. Dou razão a você, os sensíveis percebem e arte liberta. Basicamente penso que o princípio do amor é o respeito, amor sem respeito é egoísmo e periga transbordar para a seara da vaidade e aí o amor será um rio assoreado, receberá cérceas, decairá no controle.

Amor é indivisível, incomparável e individualizado. Não dá pra saber qual o maior amor das nossas vidas, se amamos de verdade, apenas saberemos que amamos.

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