31 de jan. de 2010

Talento sem humildade é só arrogância Talento sem inteligência é farsa.

 Levei alguns amigos para assistirem à premiação da Revista S!, que ocorreu em dezembro. Alguns não eram homossexuais, outros, apesar de gays, não são frequentadores tão habituais, mas leem minha coluna e são meus fãs. 
Ora, que eu na minha discrição de falar sobre o que não vemos, apenas sentimos, tenho lá meu micro fã-clube! Talvez um pouco maior que o do editor do Segundo Caderno do jornal O Globo, Artur Xexéo que só tem 17 leitores que lhe enviam e-mails mais a Tia Candoca e eu levei comigo 25 para o evento! Essa é a parte boa do meu gay pride pessoal. Difícil foi responder todas as perguntas que me fizeram. Coisas muito além de qual é a diferença entre a drag e a caricata. Por exemplo: 
Porque alguém decidiu cantar “parabéns para você” justamente na hora em que o médico estava falando no palco? A que se referiam algumas pessoas nos seus discursos no momento da entrega? 
Por que algumas personalidades célebres priorizaram seus comerciais em detrimento do anúncio do ganhador? Bem, se fosse vestibular eu estaria reprovada, mas como sou boa amiga e estava feliz (dentre muitas coisas, pelo vídeo, que deve ter sido manipulado horrores para me deixar tão mais bonitinha), preferi responder que “há mais coisas entre o céu e a terra que possa sonhar nossa vã filosofia” e pedi logo uma “birita”, porque não havíamos ido ali para explicar nem entender, fomos para ver e conhecer, nos divertir e ficar felizes!

Depois, de cabeça devidamente refrescada pelo baldinho de gelo com as latinhas mágicas, fiquei a pensar. 
Esse prêmio tem muito mais importância que possa imaginar a tal da “vã filosofia”, ou nada justificaria tanto apuro na produção dos artistas, concorrentes ou não. 
No orgulho dos empresários com suas estatuetas na mão e até mesmo no falso desdém dos que terão um pequeno espaço vagos nas suas estantes até o próximo dezembro... 
Há no capricho nos shows apresentados e a mensagem subliminar  mostra que qualquer dos concorrentes poderiam ser vencedores. Como num desfile de escola de samba, onde a diferença é por um mínimo de décimos de ponto. Vamos conversar aqui no cantinho:
Num universo onde a Miss Brasil fica sem peruca, pode-se entender perfeitamente, um cotovelo com fratura exposta por debaixo da roupa alugada.



O valor desse prêmio vai muito além da visibilidade que ele proporciona, é um momento de honra num mundo onde gays não recebem elogios nem premiações com facilidade, muito pelo contrário. 
Mais que a visibilidade, o que aumenta as propostas de trabalho para os artistas, existe a oportunidade dada a tantos para que se apresentem, ou simplesmente se mostrem. Seria tão mais fácil enxugar a produção, reduzir o número de apresentações, “limar” participações, mas percebo nessa festa um carinho para com todos. Um pretexto para o encontro, uma forma de homenagear aqueles que heroicamente dizem para os seus armários: “Obrigada, não!” 
Um jeito de dar voz a tantos que são capazes de transformar um trapo, um pedaço de batom e três pintinhas de crayon em um número divertido, fabricando sorrisos.
Ainda temos um longo caminho a percorrer até que a sociedade se liberte da hipocrisia da falsa verdade de que no nosso país não há preconceito. Há uma trajetória ainda mais longa para que o gay desarme-se do preconceito que vem sofrendo a longo prazo e perceba o respeito que já agora lhe é oferecido.
Aqueles que receberam o limão do preconceito e aprenderam a fazer da sua arte o açúcar da limonada, deveriam dividir com todos o sinal de respeito que lhes foi oferecido.
Afinal, o prêmio anual da Revista S! é uma grande festa, por ser destinada a grandes talentos e talentos solitários são nulos.Talentos sem concorrência é bobagem.
Talento sem humildade é só arrogância.
Talento sem inteligência é farsa.
A todos que puderam me compreender, os meus votos de um super Ano Novo, com muito menos reclamações e muito mais aprendizado para um verdadeiro caminho de vitórias!
Aos que não entenderam, Feliz Ano Novo também!

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