Carnaval
é um evento anual e, vamos combinar que se a nossa vida não pára
diante de eventos mais definitivos na nossa vida como casamento,
viagem, velórios e enterros, porque temos essa mania de só voltar à
vida depois do reinado de Momo?
Inclusive, por causa dessa festa,
deveríamos nos aplicar ainda mais, juntar uma grana pra cair na
folia ou fugir dela. Enfim que quando vai chegando outubro, as
agendas começam a enlouquecer por conta dos festejos de final de
ano, uma ressaca que deixamos pra curar depois das folias
carnavalescas e apesar dos transtornos que feriados prolongados
possam trazer, criamos a expectativa da Semana Santa. Afinal, o que
queremos nós, Doce ou travessura?
Foto de Laetitia Chretien et Sebastien Zanini After the Carnival 2010 |
Empregados
amam feriados, patrões e autônomos nem tanto, mas é fato que todos
na medida do possível, estarão lá parados nas estradas suportando
com alegria a pior coisa que a civilização criou: o engarrafamento!
Alguém algum dia filosofou que o caminho é mais importante que o
destino, penso que por isso as pessoas se deixam atrair tanto pelas
filas, de um jeito que não avaliam alternativas e o que é a fila?
Para mim é o que nos separa de um grande prazer , logo um
aborrecimento que evito sempre que possível, mas também a certeza
de um sucesso, se a unanimidade é burra isso já é lá outra
história.
O Rio de Janeiro é uma cidade abençoada por opções
urbanas de lazer. Aterro, praias, shows, cinemas, teatros, dá pra se
divertir sem precisar ir tão longe. Diversão como tudo na vida é
questão de gosto e opinião, mas a gente tem aquele prazer de estar
onde todos estão, o que nos tira um pouco o gosto pelo inusitado e
deixamos de fazer descobertas próprias seguindo dicas.
O
fato é que acontecimentos não esperam o carnaval passar, a vida é
um eterno bloco de rua, onde os que amam precisam ter preparo físico,
jogo de cintura, capacidade de improviso e bom humor pra encarar o
que não tem jeito.
Um bloco que segue, engarrafa, atrapalha,
adianta, comemora, faz bem, atropela, chama atenção, com holofotes
próprios nada para esse bloco, composto de filas e emoções.
Resumindo: quem disse que a vida é um carnaval, talvez tenha exagerado um
pouquinho, mas um bloco com certeza é! Às vezes de sujo, de embalo,
de pop de rock, sempre à fantasia onde se canta com alegria as dores
que não sentimos mas que alguém sentiu. Onde se esconde a
felicidade como a carteira, com medo de ladrões. Até suspeito que
quanto mais anunciada a alegria, maior a melancolia que a produz...
Nossa
vida urbana vem pautada pela indiferença, quando um problema só é
um problema quando cai no nosso colo. Nos protegemos e tantas vezes
julgamos que certas coisas acontecem aos outros por merecimento.
Cada um por si, embora se busque tanto por companhia, impera mesmo o
bloco do eu sozinho... No mais tudo nos comove, mas a solidariedade
é distribuição de artigos que nos sobram. Estamos no mundo sem
assumir nossa responsabilidade por ele, assim delegamos a terceiros
as ações que modificam os destinos. Vivemos um tempo onde muitos,
mais do que seria necessário, acreditam que a política é para o
político e muitos deles deitam e rolam, taí Renan Calheiros, a
despeito de tantas reclamações do governo, um fato que não esperou
o carnaval passar e certamente a população em sua maioria não
articulou ainda em que ela poderia ter tido participação. É assim,
não deveria e segue o bloco...
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