31 de mai. de 2013

ANA COSTA ponto ARTE muito BR


Voltando do show da Ana Costa no Rival. O Rival é um teatro com jeito de barzinho, tipo antiguinho, cheio de histórias antigas, caprichando nas histórias recentes, com pinta de casa de amigo que tem pai e mãe metidos à besta mas tudo gente boa apesar de... Aí a gente vai arrumadinho e fica muito à vontade.

Eu já vi bastante Ana Costa e veria muitas vezes mais, quantas vezes ela cantasse por aí. Ana me parece aquela pessoa que estudou e apreendeu tanto que qualquer cantadinha no chuveiro é praticamente in concert. Ela faz tudo certo e faz tudo bem. Apresenta-se com uma simplicidade de envergonhar os que "se acham".

Numa sexta-feira dessas bem recentemente, carregava minha tristeza pelas ruas, voltando pra casa - sim às vezes levo a minha tristeza para passear, para que não se transforme em desarmonia. Graças a la vida, tenho que passar pela porta do Carioca da Gema para chegar à casa. Trazia na mão, o que restava de 500 ml de caipivodka comprada ali, do lado do churrasco no prato, em frente à casa do Tá Na Rua. Não sou de muita birita, mas tomo lá minhas  caipivodcas, sempre de limão, para mostrar à vida o que eu faço com os azedumes que ela me brinda...
Pois bem, passando pela porta do Carioca, ouvi o som da voz de Ana, parei a calçada e fiquei ouvindo. Estava vestidinha de um jeitinho assim assim, tipo, mamãe vou ali pendurar uma faixa no poste. Era sexta e a Lapa fervia de Carolina Herrera, Naturas e afins legítimos e genéricos. As escovas estavam a postos e a mulherada batia cabelo, fazia pose, exibiam as sainhas brilhosas, rendadas, de jeans chique. Osmeninos em ponto de bala puxa-puxa com seus cabelos desastradamente penteados à moda Neymar ou Anderson Silva. Todos lindos e desafiados pela noite de sexta na Lapa.

Ana num dado momento me viu na calçada, pedinte de magia, indecisa como uma pisciana e fez sinal para que eu entrasse. Sabem lá o que é isso? Algo hipnótico, sinais do destino que não podemos ignorar.

Entrei, eu e meus chinelos de couro, minha calça jeans caindo dos 5 quilos perdidos, minha blusa que nem sei qual era e a minha tristeza que em alguma esquina ãome largaria feliz assim pelas ruas fervidas e além disso além da roupa e sentimento, ainda estava eu só - só- somente só, como nenhuma mulher deve atrever-se a estar numa noite de sexta. 
Mas que ali, eu não era uma mulher, eu era uma pessoa portando um copo de meio litro de caipivodca já quase vazio, eu era uma pessoa emergente, relutante, quase louca com um dia que não deu refresco e se desenvolveu erradinho, chatinho, incompreensível.
Entrei na casa cheia naquele dia de, na maioria, de garotada e o bom disso é que quanto mais o tempo passa pra nós menos jovem essa garotada fica. Coincidência do destino, Ana mandou uma sequencia portelense, daquelas boas que eu sabia cantar e fez-se a magia:
De repente eu não estava mais só num espaço tão lotando!
Tinha toda uma vibe de raiz suburbana que imagino sofrida como eu estava naquele dia Era o milagre!
Duas garrafas de água, um samba que só o meu pé tem e uma alegria na voz refinada de Ana Costa e seu repertório tão variado quanto mágico. Saí dali tão nova quanto se estivesse mergulhado na água do Ganges, eufórica como os emergem das pias batismais.

Bastou.
Obrigada Ana!
Que Deus te abençoe, proteja, te guie e te guarde. Que sua estrada seja plana e as paisagens lindas como a noite que você me deu!

Então hoje, saindo do Rival de um dia não menos fácil - é, a vida vem caprichando nas sua lições e eu não devo ser uma boa aluna - missão cumprida, decidi vir pra casa para que nada tirasse dos meus ouvidos a magia de ouvir, um canto animado, brejeiro, quase assanhado, encorpado, bem respirado, alegre, alegre, alegre.
Obrigada de novo!

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