15 de set. de 2013

COARI

Fiquei então com a impressão que o estado do Amazonas é o que melhor poderia tipificar o nosso país. Grande, rico, belo, exuberante, cheio de extremos, inclua-se aí a pobreza, que não é exclusiva, claro.
O estado tem todos os problemas que os outros estados tem e  mais aqueles que só ele pode ter:
Municípios apenas acessíveis por vias fluviais, abrigando uma população isolada, excluída, completamente off, em que pessoas que chegam à velhice sem certidão de nascimento, carteira de identidade, carteira de trabalho, que  holerite, essas coisas que nas grandes cidades mais do que garantias de existência e direitos, passaram a servir para que avaliassem quem somos, quanto valemos e quanto importante podemos ser, definindo a preocupação tanto do Estado quanto da sociedade e até dos indivíduos para conosco... Enfim, que a idéia desse texto não romancear ou filosofar.

Chegamos ao Porto de Coari após 30 horas de viagem partindo do Rio Negro, passando pelo Amazonas e seguindo pelo Solimões. A viagem prevista para ter 20 horas ganhou mais 10 devido alguns imprevistos como plantas nas hélices do barco e uma pequena falta de luz. Nada grave ou assustador.

Bem que eu pensava que Coari fosse algo parecido com uma aldeia, mas pensei errado, talvez essa lenda que nós cariocas acalentamos que por essas banda o que não é indígena é sílvícola... Lendas as quais todos estamos sujeitos do tipo baiano é preguiçoso e carioca malandro e trabalhador é o paulista... 

O fato é que o município é A segunda maior arrecadação do estado ficando atrás apenas de Manaus, a capital. É aqui que a Petrobrás tem a plataforma Urucu de extração de gás e petróleo e os 
gasodutos que levam gás para Manaus e Porto Velho, possuindo mais de 77.000 habitantes, alguns dos quais  com o pensamento critico bastante desenvolvido, revoltados com a política coronolesca existente, onde autoridades não acolhem denúncias, a maioria delas graves, de crimes de mortes com assassinos à solta, onde o prefeito segundo me contaram, foi reeleito graças ao reforços de 5.000 títulos "importados" de Manaus, inaugurou uma ponte que consta como construída, acabada e em uso, a qual sequer a pedra fundamental da inauguração encontra-se no local  e responde por crime de pedofilia. Bem de tanto que em conversas de rua ouvi, está aí a foto da ponte...Enfim, aqueles problemas que todas as cidades tem, somados a outros que em Brasília também tem, aliás esses problemas que aqueles que deveriam solucionar nossos problemas acabam por criar novos na ânsia de resolverem apenas seus próprios problemas e é essa visão que os políticos estão nos oferecendo sem nem se importarem nem um pouco.

Próximo do porto existe a Feira Municipal, por ser domingo o comércio no "miolo" da cidade estava em sua maior parte fechado, no entanto no entorno do porto e da feira o comércio alternativo bombava.
A cidade é lotada  de motos, certamente mais fáceis de transportar que automóveis. 
Dezenas de mototaxistas, muitas mulheres desempenhando essa função, com uniformes cor de rosa e muita simpatia. Comparando com o serviço oferecido no Rio de Janeiro, perdemos de lavada. Eles comunicam-se bem, tratam com extrema cortesia e sabem negociar de maneira delicada. Achei-os conscientes, prudentes. Conheci e fotografei os principais pontos da cidade assim, de moto.
Passamos pela casa do prefeito que mantinha uma considerável multidão na porta protestando. Motivos a olhos vistos, não faltavam. Ruas com asfalto péssimo, saneamento básico zero, uma pena...
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Tive a impressão que a cidade "nova" começou a ser reconstruída por dentro da cidade antiga, passando por algumas ruas e becos vê-se as casas, algumas palafitas de madeira. Na rua comércios inusitados, interessantes. Pelas construções percebe-se que o desenvolvimento da cidade é recente, poucos prédios históricos, um bem destacado de restauração recente onde funciona o Senai.

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