14 de mai. de 2020

MUDAR O MUNDO NÃO É UM IDEAL, É UM SENTIMENTO

De certa maneira é o desejo de mudar o mundo que vem me alimentando e me mantendo iluminada. Isso me faz compreensiva e muito paciente e principalmente me faz ouvinte.
Todas as pessoas poderiam, pelo menos por um dia na vida, desejar mudar o mundo. Não como uma fada e sua vara de condão, mas como um recém-liberto despojado dos grilhões, castigos e dignidade.

Não seria seu primeiro pensamento, roupas de marca ou smart TV com de muitas polegadas. Não correria imediatamente fazer uma selfie segurando seu mcburger. O que será que fizeram os escravizados logo que foram libertados?
Para se desejar mudar o mundo pelo menos uma vez, precisamos de algum tempo de cativeiro, humilhações até que a dignidade se encontre perdida? Talvez sim.
Mudar o mundo não é um sonho, é uma ideia. Não é um ideal, é um sentimento. Não é impossível, só seria se não se tentasse. Começa com a nossa própria mudança no entendimento do que precisa ser mudado. Começa com questionamento, passa pela revolta, se estabelece com as tentativas e insistências.
Quando eu fundo uma ong pelos direitos das crianças soropositivo, eu mundo o mundo. Quando eu busco o direito das mulheres violentadas, eu mudo o mundo. Quando eu me exponho fazendo vaquinhas pra comprar cesta básica e material escolar pras crianças da favela, eu estou mudando o mundo. Quem me ajuda a fazer isso tudo, também.
Parece que é nada, a solidariedade não resolverá o problema mundial. Não, mas é começo da consciência que se deve cobrar políticas públicas para aqueles que efetivamente fazem o país crescer ainda que se afundem cada vez mais sob as botas de um Estado opressor.
Ninguém obriga o coxo a andar, o cego a descrever o que está vendo, o sem-mão jogar a bolinha. Por que então cobramos do iletrado, criado alienado, a postura ideal o posicionamento correto? E penso que em sua maioria fazem tudo muito bem obrigada, levando em conta o peso que carregam nas costas, os riscos que assombram seus dias.
São traídos a cada quadriênio pelos políticos, são esculachados pelos salários que ganham,são vistos como bandidos pelo lugares onde moram, são tratados como inferiores pela cor de pele que possuem, são desvalorizados como seres humanos pelo gênero ao qual pertencem, estão no patamar da escravidão.

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