20 de jul. de 2011

COMPLICADO SER MULHER

A mulher já foi descrita como aquela que era escolhida e arrastada pelos cabelos. Aquela que deveria permanecer confinada em casa cuidando de uma família  gerada com um marido que não tinha o direito de escolher, atraído pelo valor de um dote disponibilizado pela família. 

Proibida de votar, vista como ser inferior incapaz de promover suas próprias escolhas. Culpada pelos erros do cônjuge e dos erros praticados pelos filhos. Condenada sem direito à defesa pela infertilidade mesmo que essa não fosse sua.  

Punida pela decadência física que o tempo traz para todos. Rejeitada e culpada pelos revezes de uma gravidez indesejada, estigmatizada pelas doenças na época chamadas de “venéreas” e se for falar dos desgostos que a condição feminina já causou, a Revista S! inteira talvez não fosse suficiente... 

O mundo evoluiu a mulher ganhou espaço e algum respeito, mas naquilo que é engendrado dentro dos nossos pensamentos o que mudou?  Pouca coisa, quase nada, as mudanças são externas em função dos patrulhamentos, as idéias mudam a forma e matem o conteúdo.


Quem se lembra do último BBB? Os participantes talvez que protagonizaram um conto de fadas, com temperos picantes e com direito a um ogro e muitas intrigas: Diogo Gago, disparou suas insanidades referindo-se  ao comportamento de “algumas” mulheres, na verdade sua não aceitação à liberdade Ok, ele era apenas um machista insano passível de usar medicação que lhe proporcionasse um comportamento mais suportável. Segundo Maria  deveria ter contado para Maurício sobre a tentação que signifcou o saradíssimo Wesley, seu corpo talhado em academia e atitudes  regadas com testosterona. É fato que o comportamento do loiro, belo e másculo médico chamou atenção num ambiente onde a masculinidade se manifestava na camaradagem de um “Clube do Bolinha” compostos de rapazes amáveis entre si, de posicionamento rude para com as mulheres. Mas não seria também um ato digno, Maurício ter contado para Maria que desistia dela por ter “descoberto” “verdades” a seu respeito? Agora que tudo passou ele encontra um desculpa frágil, travestida do que ele diz ser respeito ou proteção... Então tá.

No meu entender, ser um quase corno atrapalhou muito menos a frágil  relação do casal do que a possibilidade de Maria ser uma garota de programa... O boato levado às vias de fato como realidade absoluta, para o qual ele não sentiu necessidade de confirmar ouvindo dela mesma. Maria foi rejeitada, por ser chata, insistente, entregue a um amor recente e sem raiz e essas suas atitudes acabaram por se tornar o motivo de uma separação para um casal que nunca se uniu de verdade.

A confraria masculina apoiou e incentivou o jovem músico a não passar atestado de cornolice e o rapaz, incentivou a todos que usassem uma linda camisa  contra o preconceito. Maria, agora rica, princesa e bem amada, no seu afã de suposta apaixonada e mulher carente causou asco, espanto, tornando-se quase um exemplo de humilhação feminina e falta de auto-estima. Nada que 1,5 milhão não nos faça esquecer...

São jovens que foram  tentando fama, sucesso, grana e por isso tentam imaginar a melhor forma de agir diante dos olhos dos de fora decidem o direito deles  à oportunidade de conseguir esses objetivos. Nós manifestamos muitas vezes pensamentos semelhantes em coro com a hipocrisia de um jovem que votado para retornar a um ambiente para fazer o circo pegar fogo, tomou ares messiânicos de um portador de informação privilegiada. Os mesmos ares que percebo naqueles que criticam as profissionais do sexo ou aquelas que praticam sexo de forma só permitida aos exemplares masculinos. 

Complicado ser mulher no século 21, onde as descobertas científicas vão de encontro à saúde e preservação dos direitos dos prazeres do corpo... Era mais fácil ser arrastada pelos cabelos  na Idade da Pedra afinal, as  coisas são mais simples quando não se tem escolha, a ignorância ofende menos quando o desconhecimento é regra geral , embora a dor que toda ignorância promove não seja menor. 

Caminhamos para o lado oposto ao que a experiência e a razão mostrarão um dia, é o que reflito quando percebo alguém que atuou na erotização precoce do vestuário infantil, fazer hoje a justa e digna campanha contra a exploração sexual na infância.  Crescemos e aprendemos e se não podemos mudar o passado, podemos ao menos melhorar o futuro e por isso as lutas por igualdade e liberdade não cessam e não terminam. 

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