24 de abr. de 2008

SEPARAÇÃO. É GRAVE QUANDO ATINGE NOSSOS OLHOS E SONHOS



Tento pensar que a separação teria, pelo menos para uma das partes, apenas um lado que seria o da dor... Mas haveria alguém que ainda não o conheça ? O que mais poderia se dizer sobre essa dor?

Há pessoas que passam tanto por certas situações que as superam como se criassem calos no coração. Lançam mão do ditado: “gato escaldado tem medo de água fria,” seguem em frente desconfiadas e dizendo pros amigos que nunca mais se apaixonarão, que encontraram uma vacina para este “mal”. Longe do que se possa pensar, não são adeptas do drama, muito pelo contrário.

Há pessoas que diante de uma dor iminente a precipitam: se tem que ser que seja logo! E não dão qualquer chance para o arrependimento, nem para outro, nem para si mesmas.

Mas vamos combinar que o normal do ser humano é evitar a dor, fugir dela, usar qualquer recurso, qualquer paliativo, cuidar das conseqüências e esquecer as suas causas - em bom português: tapar o sol com a peneira!

Separação é muito mais que a "hora de dar tchau" e me parecem raros os casos em que ambas as partes concordem com ela. Mas existe no ato da separação algo de libertador para ambas as partes.
A vida sempre é o que pode ser, uma vez cientes que fizemos tudo o que podíamos, o ato de separar-se não se torna agradável, mas pode tornar-se menos sofrido, pelo menos depois de algum tempo.
Há pessoas que evitam passar pela separação e depois que ela foi consumada não conseguem abandonar o estágio de dor e sofrimento que ela lhes trouxe e acrescentam a essa dor mais uma: a de ver o outro supostamente feliz.
E se essa pessoa, separada ou abandonada percebesse que teve uma vida, uma história e que está agora com caminho aberto para novas experiências, que podem incluir a felicidade?

E se essa pessoa,conseguisse enxergar que nem sempre a separação acontece por desamor?
Que separar-se é um ato de coragem!
Que entender que uma vida em comum que chega ao final pode ser uma atitude de respeito, contradizendo um viver a dois onde não exista felicidade ou sinceridade ?

Às vezes o que nos dói numa separação é a surpresa, o susto, o choque e depois disso, perceber que a felicidade que o outro não conseguiu manter ao nosso lado, parece ter sido conquistada com outra pessoa...
Mas porque será tão difícil perceber que essa estrada é uma via de mão-dupla e está disponível para nós também? Um ciúme egoísta de ver o outro feliz pode nos impedir de olhar para nós, agora mais experientes e capazes de ter um relacionamento mais verdadeiro com quem vier e com a gente mesmo.

Não deveríamos manter uma união pelo medo do desconhecido ou pelo medo de termos culpa pela tristeza que outro possa vir a ter. Como não deveríamos nos apegar a uma vida solitária por medo do que possa vir... Enfim, não deveríamos nunca ser viúvos de algo que acabou ou de alguém que passou!
Embora sejamos vítimas, não nos cabe a auto-piedade, que tal substituí-la por amor próprio?

Se investimos por amor num mercado futuro de felicidade e não aconteceu, talvez tenhamos errado o banco ou pode ser simplesmente um sintoma de que o prazo para sermos felizes é um pouquinho mais longo - o retorno será mais imediato quanto mais rápido aprendermos a gostar verdadeiramente de nós mesmos.

Toda relação tem vários momentos que valem a pena ser lembrados, mesmo que a princípio nos achemos idiotas ou ridículos por termos vivido...
A separação só é o fim do mundo quando ela não passa.
A dor da separação é sim a maior do mundo, só não pode ser eterna! O mal da separação é grave, pois atinge o coração, mas só é mortal quando atinge os nossos olhos e os nossos sonhos!

Rozzi Brasil
18/03/2008

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