28 de mar. de 2019

O AÇOUGUEIRO

Depois de um papo rápido, seu Sérgio, me entrega o pequeno embrulho com 250g de carne moída. As têmporas não guardam mais os fios prateados ainda um pouco escuros de cabelo da minha infância, a pele cheia de riscos que eu não tinga visto, mas os olhos, com desenhos novos em volta, são os mesmos, têm o mesmo brilho terno e luz intensade quem quer escarafunchar o pensamento da gente.
Com a cabeça totalmente embranquecida, olhos brilhantes encaixados fixamente nos meus, mãos ligeiramente tremendo, ele suspira ainda segurando o pequeno pacote de um papel que eu julgava não existir mais e me diz:
- Agora eu sei que o mundo está perto do fim. Você concordando com Rodrigo Maia e querendo sair do Rio de Janeiro!
É o fim do mundo.
Não precisa pagar. Venha mais vezes e volte logo, isso não vai durar muito.
- Claro que não, o mundo não vai acabar, ora pois?
E rimos.
A gente não tem noção do quanto é observado.                                     
Sorri.                                                                                                           - Claro que não, o mundo não vai acabar, ora pois?                                  E rimos.                                                                                                       Não temos noção do quanto somos observados.

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