Todas as soluções para os nossos males e problemas, transtornos e desesperos estão lá nas livrarias, aguardando por nossas almas penadas em livros de auto ajuda . Por que será então que o mundo continua sem solução e marchamos em direção a um anunciado precipício?
Fora o que vira piada pela nossa necessidade do cômico em detrimento do trágico está tudo sabiamente solucionado desde que você tenha alguns tostões para chegar na livraria, escolher o manual de instruções para o seu problema, pagar, voltar pra casa submergir na literatura de alto astral, repleta de "é fácil, aconteceu comigo e eu venci".
Você precisa ter um ambiente tranquilo, estar livre das tarefas domésticas, de preferência em período sabático remunerado, completamente desobrigado de atender qualquer pessoa, sem mais preocupações financeiras de modo a mergulhar na meditação profunda, na terapia literária.
É desejável que o stress ainda não tenha corroído sua memória e ansiedade não tenha lhe brindado com tiques e inquietações, pois há que decorar os mantras, fazer os exercícios, comprometer-se, escrever a si mesmo uma carta de compromisso.
Esteja com a despensa abastecida e a geladeira cheia, tenha à mão uma lista de lojas de produtos naturais, alimentação natural porque o seu problema pode ter origem naquilo que você come, numa fragilidade hepática pelo que você bebe. Quem sabe?
Até que se desbrave a chatice do prólogo, a lista de títulos e obras anteriores do escritor, suas viagens à Índia, estadias no Nepal e desgraças antigas não saberemos as opções para "vivermos bem saiba como".
Esteja apto, desembaraçado de qualquer preconceito, pois que de repente você poderá ter a necessidade de abraçar uma religião, contar para deus todos os seus problemas e dar o seu tudo em algum ritual em cima de algum monte santo.
Inspire-se, respire não se sinta um merda antes da página 15 ao descobrir as coisas simples que "toda mulher deve saber" e você não sabia, que "você é do tamanho dos seus sonhos" e você nem frequenta a padaria, que você tem que "parar de se sabotar e dar a volta por cima". Não abandone a leitura inferiorizado ao saber que o autor tinha muito mais problemas que você, era um bêbado, corno, solitário, drogado, transtornado á beira da mendicância ou já dentro dela, que um dia encontrou a chave da felicidade e em paz com a humanidade decidiu anotar o caminho das pedras para que todos encontrassem a salvação, pelo módico valor da etiqueta na capa.
Sim, a humanidade ainda é boa e repleta de seres desprovidos de interesses.
Génial!
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