14 de jun. de 2013

Prêmio Revista S! de Cultura e Direitos Humanos | Fato e Fotos


Toda publicação com vários colaboradores costuma trazer uma notificação esclarecedora sobre o que é publicado por colaboradores e da Revista S! é assim:  “As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião da “Revista S!”. Nenhum colaborador tem vínculo empregatício”.
Dito isso, esclareço que sinto-me bastante confortável para falar do Prêmio Revista S! de Cultura e Direitos Humanos, principalmente por ser uma personalidade convidada, sem nenhum envolvimento com qualquer fase do processo de escolha e elaboração da premiação e cerimonial. 

Como qualquer mortal do segmento a minha "bronca" é livre, no entanto, analisando à luz da isenção sincera, imparcial, diante da evolução que o evento apresentou dia 21/05 último (2013) há que se positivar.

A estrutura da festa melhorou muita coisa, recepcionistas informados direcionando bem o público. Fui atendida por um menino(a) responsável por outra ala de camarote, que no entanto levou-me até o local a mim designado, esclarecendo que a minha pulseira estava com outra recepcionista naquele momento ausente. Surpreendi-me, não com o bom tratamento, mas com a presteza. 
Não com a simpatia, mas com a técnica e pro atividade. Ficarei devendo o nome dessa pessoa competente e na próxima edição digo pra vocês.

Ainda não foi dessa vez que a festa encontrou o seu lar. O Clube Municipal cumpriu bem a tarefa, com seus porteiros atenciosos e eficientes, um dos quais foi até o táxi que me transportou buscar as doações que eu trazia, com uma amabilidade que deveria ser obrigatória a todos os seguranças das casas do segmento LGBTTS! No entanto, deu para nós público sentirmos o “aperto” da rigidez do horário da casa.
O clube é bonito, ultra bem cuidado e teve o seu momento Vivo Rio quando o garçom me interpelou antes do término para cobrar a continha e foi embora sem trazer o troco da última cerveja que pedi,  valor suficiente para uma passagem de ônibus, se fosse o caso e ainda sobraria troco. Felizmente não era o caso e digo sempre pra mim mesma que preciso usar cartão de crédito mas é que acho tão chato esperar pela maquininha me dá uma sede danada ... 
Assistir lá de cima foi uma tarefa complicada, fato recorrente em qualquer casa, geralmente os camarotes nos deixam mais perto de deus do que da visão do palco e para isso inventaram o binóculo, que levarei na próxima oportunidade...

Teve lá o seu já tradicional atraso para começar, no entanto bem reduzido esse ano.
Percebe-se que o Prêmio Revista S! é sucesso quando se vê o desfiles dos modelitos pelo foyer, nesse quesito o clube foi ótimo! Com espaço para todas as saias rodadas e babados da noite que não eram poucos. Isso é bacana, quem não ganha o troféu, valida a festa pelo modelito ostentando, quantidade de flashes solicitados e número de “concorrentes” que deixa irritado. Sim, o ser humano é competitivo até nas confraternizações...

Teve aquele "momento decolagem" como todo espetáculo que se preza, sabe aquela coisa nome de patrocinadores e apoiadores, não pode isso, não pode aquilo... E achei muito legal a frase do locutor: 
- “Acionem os flashes à vontade!" marcando a diferença entre um evento voltado para a premiação e visibilidade e evento de entretenimento. E é essa diferença  que precisa entrar na cachola da galera.
Gente, reunir numa noite de terça, num evento LGBTT,  figuras como Dra. Marta Rocha, o Reitor da UERJ Ricardo Vieira, Tenente Coronel Claudio Costa, o Sub Chefe da Policia Civil Fernando Veloso, a Dra. Maria Berenice Dias e Claudio Nascimento é uma mostra de que definitivamente essa premiação deixou a marginalidade, fugiu do gueto. São personalidades referendadas, lideranças importantes, representantes de instituições nas quais até muito recentemente a causa LGBTT era impensável, excluída. Não se trata de meia dúzia de homossexuais puxando o saco de autoridades públicas e governamentais, trata-se do reconhecimento mútuo da dignidade nossa de cidadãos!
Claro que a parte glamurosa da cerimônia onde estão profissionais da área de entretenimento, arte e cultura, gera ansiedade,  afinal, estão concorrendo a um prêmio que a cada ano torna-se mais importante, no entanto sem o apoio dessas personalidades que vão através do seu trabalho e ausência de preconceito fortalecendo e desmarginalizando a cena gay, qualquer buzziness, seria um obscuro espetáculo apresentado em guetos.

O alto vozerio durante alguns pronunciamentos é injustificável e pior do que demonstrar a falta de educação, denuncia a falta de informação e desinteresse profundo pelos assuntos tão relevantes quanto às premiações da área de entretenimento. 
Barbara Ayres em dado momento disse “prostituição por escolha e não por falta de escolha”. 
Ana Costa menciona sobre o “reconhecimento que a Baixada existe no contexto LGB” ao dedicar o premio à sua mãe, ali presente e que orgulhosamente desfilou com ela pelo clube todo o tempo. 
Lohana Viana dos Santos, transsexual, professora formada, em atividade. Povo, será que temos noção do que seja isso no contexto felicianático-macedístico em que estamos vivendo?
Pequenas mostras extraídas de uma grande cerimônia que mostra que o Prêmio vem tornando-se cada vez mais sério, solene e abrangente em relação aos outros municípios do nosso estado e cidades do nosso país. A Revista S! vai fazendo a sua parte com sucesso buscando respeito para todos, precisa-se dar importância para esses atos e fatos tão importantes.

Sempre os shows apresentados nesse dia foram referências e despertavam o interesse, mas ter apresentações temáticas, seguindo uma linha de evolução da causa elevou ainda mais, na minha opinião o profissionalismo de todos os que se apresentaram ali. Apresentações belíssimas de Wellington Lopes, Alexandre Hakan, Vick Diamond e Disiky, Pandorah, Érica Vogue e Sarah Stivens. Ter vários apresentadores também quebrou a monotonia comum em solenidades de premiação.

Óbvio que como parte da platéia tive o meu "momento desencanto" com a não premiação de alguns dos meus preferidos, no entanto conforme conversado na rede social mais abarrotada do momento, concluí que vencedores são inclusive os indicados, pela raridade de iniciativas como essa, pelo auto nível das participações e concorrentes incluindo-se aí a parceria com o Programa Estadual Rio Sem Homofobia. 
Ter esses holofotes voltados para a causa, merece o reconhecimento como retribuição. Disse Lohana “eu não sei se a militância é para quem nada mais lhe resta”, essas adesões mostram que a militância é para aqueles que levam seu trabalho com seriedade, orgulho e respeito. Lohana sabe e seria muito demais que todos soubéssemos.
Esse prêmio é uma iniciativa de ousadia, cidadania e igualdade, longa vida e muito sucesso para ousar cada vez mais!

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