Um dia uma amiga de uma amiga, entrou em "in box" pra me perguntar que bicho tinha me mordido num certo evento em que eu estava desconcentrada, desconectada, triste, aborrecida, chateada.
Embora eu sorrisse, interagisse e cumprisse minha parte, ela percebeu meu desequilíbrio. Além disso, interessou-se em saber o que havia. Prometeu segredo sobre meus motivos e eu pude desabafar. Mais ainda: Ajudou-me após oferecer-me ajuda. E jamais saiu por aí a vangloriar-se sobre o quanto era ela generosa e do quanto eu estaria à beira do abismo.
Depois disso não nos tornamos siamesas, grudadas, amigas de intimidades devassadas, invadidas.
Não passamos a nos telefonar todos os dias, amigas de ir ao shopping (até porque eu odeio shoppings). Não vamos ao mesmo cabeleireiro, não me interessei por pintar minhas unhas das mesmas cores que ela (até porque não pinto as unhas, não uso acrigel ou coisas parecidas).
Não fomos juntas ao cinema, pouco nos encontramos em alguns lugares e quando acontecia era muito bom, ainda que na limitação do trivial social dos comentários que podemos fazer diante de todos.
Ainda assim depois disso eu soube que tinha uma melhor amiga.
Amizade não exige provas, ela se prova por si só.
Amizade é muito mais confortável que amor.
Amizade refresca os arranhões que o amor faz.
Amor é o filho sem juízo da amizade, como ingenuidade é prima-irmã da burrice.
Eu vou sentir falta. Não dos encontros escassos, nem dos encontros abundantes que poderíamos ter. Eu vou sentir falta da ausência de possibilidades de encontrar, como sempre de surpresa com você.
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