30 de dez. de 2014

TEMOS O QUE FIZEMOS

Se eu tivesse que enviar uma mensagem de ano novo,não teria nada de novo pra dizer. Quem teria? 
A nossa ânsia de que o relógio vire os seus ponteiros e deixe o que foi desagradável para tras. Arrancar a última folhinha do calendário como se arrancássemos para longe de nós o que não nos traz felicidade.
Mas a gente nem sabe o que é a felicidade. Quando sabemos e a alcançamos já estamos em busca de uma felicidade diferente que está sempre à frente.
Pular 7 ondas, comer lentilha, subir em algum lugar à meia-noite, calcinha nova, cueca vermelha, simpatia com romã, uva e tantas coisas que são apenas manifestações da nossa necessidade incurável de ser feliz ou de nos sentirmos felizes.
Jamais seremos! Construímos uma sociedade onde a felicidade derrubaria as bolsas, acabaria com os lucros, seria um transtorno para a produção. Vivemos numa sociedade que só lamenta a falta de escola, a precariedade do ensino, isso não impacta tanto se as nossas crianças estiverem em bons colégios, para nos dar a ilusão de que vencerão na vida e estarão bem encaminhados.
A sociedade em que vivemos não nos permitirá ser felizes ou iguais, porque nos ensinou a ensinar as diferenças para as nossas crianças e elas acreditarão em nós como nós acreditamos em quem nos ensinou os absurdos que colam etiquetas de absurdos naqueles que acham que podemos ser felizes com pouco,com compreensão, com diálogo.

Construímos uma sociedade mais terrível que qualquer selva, não matamos pra comer, matamos para ter,nos matamos para obter. Temos leis para prender os outros e as brechas das leis para nós.
Caminhamos a passos largos para desconhecer de vez a arte e qualquer selfie tortamente tirada é mais bem vista que uma boa foto, selfies são o nosso olhar sobre nós mesmos imposto aos outros,
Não somos muito mais que uns papagaios a repetir o que outros papagaios dizem. Nâo fomos muito além daquela criança sem criatividade que copia o coleguinha. Criticamos sem ler, julgamos sem ver, nos deixamos levar.
Fico imaginando a cara de Yemanjá que em 30 segundos vai do vozerio a mais completa solidão.
Tem que dar lucro pra dar certo. Não basta ser belo para parecer bonito. A gente não se conhece a gente faz contato. Vivemos em estado bancário. Desconfiando de tudo e todos que não portam cartão de crédito...

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