Em meados do século XIX, a palavra samba definia diferentes tipos de música introduzidas pelos escravos africanos, sempre conduzida por diversos tipos de batuques, mas que assumiam características próprias em cada Estado brasileiro, não só pela diversidade das tribos de escravos, como pela peculiaridade de cada região em que foram assentados. Algumas destas danças populares conhecidas foram: bate-baú, samba-corrido, samba-de-roda, samba-de-chave e samba-de-barra-vento, na Bahia; coco, no Ceará; tambor-de-crioula (ou ponga), no Maranhão; trocada, coco-de-parelha, samba de coco e soco-travado, no Pernambuco; bambelô, no Rio Grande do Norte; partido-alto, miudinho, jongo e caxambu, no Rio de Janeiro; samba-lenço, samba-rural, tiririca, miudinho e jongo em São Paulo.
♪♫♪ “Quem não gosta de samba bom sujeito não é É ruim da cabeça ou doente do péEu nasci com o samba no samba me crieie do danado do samba nunca me separei”♫♪O Samba e um gênero musical que surgiu no Brasil, mas que tem suas raízes na África. Acredita-se que o termo “samba” foi uma corruptela de “semba” (umbigada), palavra de origem africana – possivelmente oriunda de Angola ou Congo, de onde vieram a maior parte dos escravos para o Brasil.
O Semba era um tipo de dança de roda praticada em Angola e em várias regiões do Brasil, principalmente no recôncavo na Bahia. No centro de um círculo e ao som de palmas, coro e objetos de percussão, o dançarino solista, em requebros e volteios, dava uma umbigada num outro companheiro a fim de convidá-lo a dançar, sendo substituído então por esse participante.
(fonte: Professor Web)
Como raízes do samba temos a época do Brasil Colonial com a chegada de toda a mão de obra dos escravos vindos da África.
Sinhô foi quem gravou o primeiro samba no Brasil. “Pelo Telefone” no ano de 1917, a letra deste samba foi escrita por Mauro de Almeida e Donga. Essa música, um samba carnavalesco era cantada por o nome " O Roceiro".
Por muito tempo depois o samba começou a tomar as ruas e se espalhar aos poucos pelos vários carnavais do Brasil.
E durante este período, temos como principais sambistas Sinhô, Heitor dos Prazeres, Ismael Silva- que mudaria a estética do samba para que melhor se adaptasse aos desfiles de rua, criando a antológica onomatopéia "bumbum-praticumbum-prugurundum" e Heitor dos Prazeres.
Sinhô foi quem gravou o primeiro samba no Brasil. “Pelo Telefone” no ano de 1917, a letra deste samba foi escrita por Mauro de Almeida e Donga. Essa música, um samba carnavalesco era cantada por o nome " O Roceiro".
Por muito tempo depois o samba começou a tomar as ruas e se espalhar aos poucos pelos vários carnavais do Brasil.
E durante este período, temos como principais sambistas Sinhô, Heitor dos Prazeres, Ismael Silva- que mudaria a estética do samba para que melhor se adaptasse aos desfiles de rua, criando a antológica onomatopéia "bumbum-praticumbum-prugurundum" e Heitor dos Prazeres.
Durante a década de 30, as estações de rádio em plena difusão pelo Brasil, disseminam vários sambas pelos lares de compositores da época como Noel Rosa autor de "Conversa de Botequim"; Cartola de "As Rosas Não Falam"; Dorival Caymmi de "O Que É Que a Baiana Tem?"; Ary Barroso, de "Aquarela do Brasil"; e Adoniran Barbosa, de "Trem das Onze".
Na década 70 e 80 começou a surgir uma nova geração de sambistas, podemos destacar vários expoentes como por exemplo Paulinho da Viola, Jorge Aragão, João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Chico Buarque, João Bosco e Aldir Blanc.
Tornam-se mais conhecidos, alcançando sucesso os sambas do Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo
Com isto o samba baiano recebe influências do lundu e do maxixe com letras no geral, bastante simples, com balanço rápido e ainda um ritmo considerado repetitivo.
A lambada vem neste estilo porém tem como diferenciação o maxixe.
Os sambas de roda por sua vez surgiram na Bahia durante o século XIX apresentando diversos elementos culturais afro-brasileiros, marcado por palmas e cantos característicos, os dançarinos normalmente dançam dentro de uma roda, e o som deverá ficar por conta de um conjunto musical que usa viola, atabaque, chocalho e pandeiro.
No Rio de Janeiro o Samba vem ligado à vida existente nos morros, também nas áreas mais distantes à medida que eram habitadas pelos mais pobres, descendentes dos escravos e alijados do Centro devido as obras de reformulação da cidade. Era o samba a distração e desabafo desses cidadãos marginalizados por sua condição econômica e suas letras acabam falando da vida urbana dos trabalhadores e das dificuldades da vida de uma forma mais amena e muitas vezes com um pouco mais de humor.
Entre os paulistas o samba passava a ganhar uma conotação de misturas de raças, vindo de da influência italiana e o sotaque dos bairros exclusivamente de trabalhadores ganha um espaço maior no estilo de samba de São Paulo.
Surge na cidade do Rio de Janeiro durante a década de 1930. Até então, reinava o samba sincopado com influência do Maxixe, utilizado nos salões, até que Ismael Silva e sua turma do Estácio, que se reuniam nas imediações de uma escola, criaram a terminologia "Escola de Samba" e mudaram a estética vigente do samba, com a onomatopéia "bumbum praticumbum prugurundum, adequando o ritmo aos desfiles pelas ruas.
Samba-enredo segue um tema proposto pela escola de samba para o seu desfile no carnaval, que definirá a coreografia e cenografia utilizada durante o seu desfile.
Pagode:
É um estilo de samba. Tem suas origens no Rio de Janeiro entre o final da década de 1970 e início da década de 1980, a partir da tradição das rodas de samba feitas nos "fundos de quintal".
O termo "pagode" está presente na linguagem musical brasileira desde, pelo menos, o século XIX. Inicialmente, era associado às festas que aconteciam nas senzalas e, mais tarde, se tornou sinônimo de qualquer festa regada a alegria, comida, bebida e cantoria.
Com o passar do tempo, o termo "pagode" começou a ser usado como sinônimo de samba, por causa de sambistas que se valiam deste nome pra suas festas, ou, seus pagodes.
Como vertente musical, o pagode nasceria exatamente dessa manifestação popular completamente marginal aos acontecimentos musicais dos grandes meios de comunicação brasileiros.
A partir do surgimento de nova geração de sambistas no Rio de Janeiro nos anos oitenta, oriunda desses pagodes e que inovaria a forma de se fazer samba, o termo "pagode" batizar espontaneamente o novo estilo musical derivado do samba.
Samba canção:
é um subgênero musical originário do samba, que surgiu no final da década de 1920 no seio da modernização do samba urbano do Rio de Janeiro, quando este iniciava seu processo de distanciamento do maxixe.
Também chamado de "samba de meio de ano" (sambas feitos fora da época de Carnaval) em linhas gerais, o samba-canção faz uma releitura mais elaborada na melodia - enfatizando-a - e possui um andamento mais lento centrado em temáticas de amor, solidão e na chamada "dor-de-cotovelo".
O samba-canção desenvolveu-se a partir de músicos profissionais que tocavam em teatros de revista cariocas. "Linda Flor (Ai, Ioiô)", do compositor Henrique Vogeler e dos letristas Marques Porto e Luís Peixoto, é considerado o marco inaugural desse estilo de samba.
Praticado por autores tão diversificados, o samba-canção teria seu apogeu nas décadas de 1940 e 1950.5 Entre intérpretes que se destacaram nesse estilo, estão Jamelão e Elizeth Cardoso, que gravaram canções de Lupicínio Rodrigues, Maysa, Ângela Maria, entre outros.
Outros grandes compositores de samba escreveram samba-canção, como Noel Rosa ("Pra que mentir"), Cartola ("As rosas não falam"), Nelson Cavaquinho ("A flor e o espinho", com Guilherme de Brito), Ataulfo Alves ("Boêmios").
O ambiente da década de 1950 estimulou a expansão desse gênero no mercado nacional, mas com transformações dentro do estilo - o que levou alguns estudiosos a marcar uma diferenciação do samba-canção clássico, expressas nos termos (que podem ou não ser considerados como subgêneros, de acordo com cada autor) sambalada e sambolero durante os anos cinquenta.
As melodias eram marcadas por influências de gêneros musicais estrangeiros - como a balada estadunidense e o bolero cubano, especialmente enfatizado por orquestras. No que diz respeito às letras, uma interpretação pessimista das propostas ligadas à filosofia existencialista (que traduzem um forte desencanto com o mundo).
Esse conteúdo melancólico mais tarde incorporaria a palavra "fossa" para o subgênero.
Com o surgimento da Bossa Nova, no final da década de 1950, o samba-canção perderia terreno dentro da música brasileira, mas manteria um vasto e rico acervo de obras em permanente processo de regravações.
Samba Carnavalesco:
Temos como o samba carnavalesco todas as marchinhas e sambas de andamento mais acelerado, feitos para animar os bailes de carnaval. Como exemplos podemos contar com músicas de grande sucesso como Ô Abre alas, Apaga a vela, Aurora, Balancê, Cabeleira do Zezé, Bandeira Branca, Chiquita Bacana, Colombina, Cidade Maravilhosa entre outras várias bastante conhecidas.
Samba-Exaltação:
Tem letras patrióticas, ressaltando as maravilhas do Brasil, acontecimento ou personagem da história, com arranjo especial para acompanhamento por orquestra e grande introdução, como por exemplo "Aquarela do Brasil" composta por de Ary Barroso que foi gravada no ano de 1939 por Francisco Alves.
Diz-se também do samba-enredo que exalta as qualidades e feitos da escola, passagem ou personalidade histórica, como o samba-enredo "Exaltação a Tiradentes", de 1949 da GRES Império Serrano de autoria de Mano Décio, Estanislau Silva e Penteado
Samba-enredo segue um tema proposto pela escola de samba para o seu desfile no carnaval, que definirá a coreografia e cenografia utilizada durante o seu desfile.
Pagode:
É um estilo de samba. Tem suas origens no Rio de Janeiro entre o final da década de 1970 e início da década de 1980, a partir da tradição das rodas de samba feitas nos "fundos de quintal".
O termo "pagode" está presente na linguagem musical brasileira desde, pelo menos, o século XIX. Inicialmente, era associado às festas que aconteciam nas senzalas e, mais tarde, se tornou sinônimo de qualquer festa regada a alegria, comida, bebida e cantoria.
Com o passar do tempo, o termo "pagode" começou a ser usado como sinônimo de samba, por causa de sambistas que se valiam deste nome pra suas festas, ou, seus pagodes.
Como vertente musical, o pagode nasceria exatamente dessa manifestação popular completamente marginal aos acontecimentos musicais dos grandes meios de comunicação brasileiros.
A partir do surgimento de nova geração de sambistas no Rio de Janeiro nos anos oitenta, oriunda desses pagodes e que inovaria a forma de se fazer samba, o termo "pagode" batizar espontaneamente o novo estilo musical derivado do samba.
Samba canção:
é um subgênero musical originário do samba, que surgiu no final da década de 1920 no seio da modernização do samba urbano do Rio de Janeiro, quando este iniciava seu processo de distanciamento do maxixe.
Também chamado de "samba de meio de ano" (sambas feitos fora da época de Carnaval) em linhas gerais, o samba-canção faz uma releitura mais elaborada na melodia - enfatizando-a - e possui um andamento mais lento centrado em temáticas de amor, solidão e na chamada "dor-de-cotovelo".
O samba-canção desenvolveu-se a partir de músicos profissionais que tocavam em teatros de revista cariocas. "Linda Flor (Ai, Ioiô)", do compositor Henrique Vogeler e dos letristas Marques Porto e Luís Peixoto, é considerado o marco inaugural desse estilo de samba.
Praticado por autores tão diversificados, o samba-canção teria seu apogeu nas décadas de 1940 e 1950.5 Entre intérpretes que se destacaram nesse estilo, estão Jamelão e Elizeth Cardoso, que gravaram canções de Lupicínio Rodrigues, Maysa, Ângela Maria, entre outros.
Outros grandes compositores de samba escreveram samba-canção, como Noel Rosa ("Pra que mentir"), Cartola ("As rosas não falam"), Nelson Cavaquinho ("A flor e o espinho", com Guilherme de Brito), Ataulfo Alves ("Boêmios").
O ambiente da década de 1950 estimulou a expansão desse gênero no mercado nacional, mas com transformações dentro do estilo - o que levou alguns estudiosos a marcar uma diferenciação do samba-canção clássico, expressas nos termos (que podem ou não ser considerados como subgêneros, de acordo com cada autor) sambalada e sambolero durante os anos cinquenta.
As melodias eram marcadas por influências de gêneros musicais estrangeiros - como a balada estadunidense e o bolero cubano, especialmente enfatizado por orquestras. No que diz respeito às letras, uma interpretação pessimista das propostas ligadas à filosofia existencialista (que traduzem um forte desencanto com o mundo).
Esse conteúdo melancólico mais tarde incorporaria a palavra "fossa" para o subgênero.
Com o surgimento da Bossa Nova, no final da década de 1950, o samba-canção perderia terreno dentro da música brasileira, mas manteria um vasto e rico acervo de obras em permanente processo de regravações.
Samba Carnavalesco:
Temos como o samba carnavalesco todas as marchinhas e sambas de andamento mais acelerado, feitos para animar os bailes de carnaval. Como exemplos podemos contar com músicas de grande sucesso como Ô Abre alas, Apaga a vela, Aurora, Balancê, Cabeleira do Zezé, Bandeira Branca, Chiquita Bacana, Colombina, Cidade Maravilhosa entre outras várias bastante conhecidas.
Samba-Exaltação:
Tem letras patrióticas, ressaltando as maravilhas do Brasil, acontecimento ou personagem da história, com arranjo especial para acompanhamento por orquestra e grande introdução, como por exemplo "Aquarela do Brasil" composta por de Ary Barroso que foi gravada no ano de 1939 por Francisco Alves.
Diz-se também do samba-enredo que exalta as qualidades e feitos da escola, passagem ou personalidade histórica, como o samba-enredo "Exaltação a Tiradentes", de 1949 da GRES Império Serrano de autoria de Mano Décio, Estanislau Silva e Penteado
Tia Ciata:
Nasceu em Santo Amaro da Purificação em 1854 e aos 22 anos levou o samba de Roda para o Rio de Janeiro . Foi a mais famosa das tias baianas, na maioria iyalorixás do Candomblé que deixaram Salvador por causa das perseguições policiais do início do século, indo morar na região da Cidade Nova, do Catumbi, Gamboa, Santo Cristo e arredores.
Chegando ao Rio conheceu Noberto da Rocha Guimarães, de quem engravidou, tendo a primeira filha Isabel. Separou-se e, para sustentar a filha, começou a trabalhar como quituteira na Rua Sete de Setembro, sempre paramentada com suas vestes de baiana.
Era na comida que ela expressava suas convicções religiosas, ou seja, a sua fé no candomblé. Religião proibida e perseguida naqueles tempos também aqui no Rio de Janeiro.
Mais tarde, Tia Ciata casou-se com João Batista da Silva, que para aquela época era um negro bem-sucedido na vida, tendo com ele 14 filhos, uma relação fundamental para a sua afirmação na Pequena África, como era conhecida a área da Praça Onze nesta época.
Recebia todos os finais de semana em sua casa, nos pagodes(festas). Era partideira reconhecida, cantava com autoridade respondendo aos refrões das festas, que se arrastavam por dias e cuidava para que a comida estivesse sempre quente e saborosa e o samba nunca parasse.
Na sua casa na Praça Onze, reuniam-se os maiores compositores e malandros, como Donga, Sinhô e João da Baiana, para saraus, sendo tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca e nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, era "obrigatório" passar diante de sua casa.
A polícia perseguia estes encontros, mas Tia Ciata era famosa por seu lado curandeiro e foi justamente um investigador e chofer de polícia, conhecido como Bispo que proporcionou a ela uma interessante história envolvendo o presidente da República, Wenceslau Brás. O presidente estava adoentado em virtude de uma ferida na perna que os médicos não conseguiam curar e este investigador então disse ao Presidente que Tia Ciata poderia curá-lo. Feito isto, foi falar com ela, dizendo:
- "Ele é um homem, um senhor do bem. Ele é o criador desse negócio da Lei de um dia não trabalha..."
E ela respondeu:
- "Quem precisa de caridade que venha cá."
Ela então incorporou um Orixá e recomendou a Wenceslau Brás que fizesse uma pasta feita de ervas que deveria ser colocada por três dias seguidos. O Presidente ficou bom e em troca ofereceu a realização de qualquer pedido. Tia Ciata respondeu que não precisava de nada, mas que seu marido sim, pedindo para o Presidente um trabalho no serviço público, "pois minha família é numerosa".
Além dos doces, Tia Ciata alugava as roupas de baiana para os teatros para que fossem usados como figurinos de peça e para o Carnaval dos clubes. Nesta época, mesmo os homens, se vestiam com as suas fantasias, se divertindo nos blocos de rua. Com este comércio, muita gente da Zona Sul da cidade, da alta sociedade, ia à casa da baiana e passando assim a freqüentar as suas festas. Nessas festas Tia Ciata passou a dar consultas com seus orixás. Sua casa é uma referência na história do samba, do candomblé e da cidade.
Em 1910, morre seu marido João Batista da Silva, mas ela já havia conquistado o seu lugar de estrela no universo do samba carioca. Era respeitada na cidade, coisa de cidadão, muito longe da realidade comum dos negros de sua época.
Todo o ano, durante o Carnaval, armava uma barraca na Praça Onze, reunindo desde trabalhadores até a fina flor da malandragem. Na barraca eram lançadas as músicas, as conhecidas marchinhas, que ficariam famosas no Carnaval do Rio de Janeiro.
Tia Ciata, era uma mulher muito respeitada e morreu em 1924, sendo até hoje parte fundamental da memória do samba.
Nasceu em Santo Amaro da Purificação em 1854 e aos 22 anos levou o samba de Roda para o Rio de Janeiro . Foi a mais famosa das tias baianas, na maioria iyalorixás do Candomblé que deixaram Salvador por causa das perseguições policiais do início do século, indo morar na região da Cidade Nova, do Catumbi, Gamboa, Santo Cristo e arredores.
Chegando ao Rio conheceu Noberto da Rocha Guimarães, de quem engravidou, tendo a primeira filha Isabel. Separou-se e, para sustentar a filha, começou a trabalhar como quituteira na Rua Sete de Setembro, sempre paramentada com suas vestes de baiana.
Era na comida que ela expressava suas convicções religiosas, ou seja, a sua fé no candomblé. Religião proibida e perseguida naqueles tempos também aqui no Rio de Janeiro.
Mais tarde, Tia Ciata casou-se com João Batista da Silva, que para aquela época era um negro bem-sucedido na vida, tendo com ele 14 filhos, uma relação fundamental para a sua afirmação na Pequena África, como era conhecida a área da Praça Onze nesta época.
Recebia todos os finais de semana em sua casa, nos pagodes(festas). Era partideira reconhecida, cantava com autoridade respondendo aos refrões das festas, que se arrastavam por dias e cuidava para que a comida estivesse sempre quente e saborosa e o samba nunca parasse.
Na sua casa na Praça Onze, reuniam-se os maiores compositores e malandros, como Donga, Sinhô e João da Baiana, para saraus, sendo tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca e nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, era "obrigatório" passar diante de sua casa.
A polícia perseguia estes encontros, mas Tia Ciata era famosa por seu lado curandeiro e foi justamente um investigador e chofer de polícia, conhecido como Bispo que proporcionou a ela uma interessante história envolvendo o presidente da República, Wenceslau Brás. O presidente estava adoentado em virtude de uma ferida na perna que os médicos não conseguiam curar e este investigador então disse ao Presidente que Tia Ciata poderia curá-lo. Feito isto, foi falar com ela, dizendo:
- "Ele é um homem, um senhor do bem. Ele é o criador desse negócio da Lei de um dia não trabalha..."
E ela respondeu:
- "Quem precisa de caridade que venha cá."
Ela então incorporou um Orixá e recomendou a Wenceslau Brás que fizesse uma pasta feita de ervas que deveria ser colocada por três dias seguidos. O Presidente ficou bom e em troca ofereceu a realização de qualquer pedido. Tia Ciata respondeu que não precisava de nada, mas que seu marido sim, pedindo para o Presidente um trabalho no serviço público, "pois minha família é numerosa".
Além dos doces, Tia Ciata alugava as roupas de baiana para os teatros para que fossem usados como figurinos de peça e para o Carnaval dos clubes. Nesta época, mesmo os homens, se vestiam com as suas fantasias, se divertindo nos blocos de rua. Com este comércio, muita gente da Zona Sul da cidade, da alta sociedade, ia à casa da baiana e passando assim a freqüentar as suas festas. Nessas festas Tia Ciata passou a dar consultas com seus orixás. Sua casa é uma referência na história do samba, do candomblé e da cidade.
Em 1910, morre seu marido João Batista da Silva, mas ela já havia conquistado o seu lugar de estrela no universo do samba carioca. Era respeitada na cidade, coisa de cidadão, muito longe da realidade comum dos negros de sua época.
Todo o ano, durante o Carnaval, armava uma barraca na Praça Onze, reunindo desde trabalhadores até a fina flor da malandragem. Na barraca eram lançadas as músicas, as conhecidas marchinhas, que ficariam famosas no Carnaval do Rio de Janeiro.
Tia Ciata, era uma mulher muito respeitada e morreu em 1924, sendo até hoje parte fundamental da memória do samba.
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